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O relatório que o Instituto Nacional de Estatística publicou esta sexta-feira valida um dos principais problemas do país, que está a perder população e a ficar cada vez mais envelhecido.
Portugal ainda tem mais de 10 milhões de residentes, mas, a manter-se o ritmo dos últimos anos, não falta muito para baixar da fasquia (o INE estima que aconteça em 2033).
Um dos principais problemas está na taxa de natalidade, que continua muito reduzida para fazer face ao número de óbitos, o que agrava o saldo natural do país. Em 2018 nasceram 8,5 crianças por cada mil habitantes, o que até representa um máximo desde 2012.
O número de nados-vivos de mães residentes em Portugal aumentou 1% para 87.020 em 2018, mas tal foi insuficiente para compensar o acréscimo de 3% no número de óbitos de residentes em Portugal, que atingiu 113.000 em 2018.
Acresce que apesar de a taxa de natalidade até estar a subir em média no país, é bem diferente de região para região. Como é claramente percetível no mapa em cima, a taxa de natalidade é muito reduzida nos concelhos do interior e mesmo em muitos municípios do litoral é inferior a 10 nascimentos por mil habitantes.
Oleiros é o concelho do país com a taxa de natalidade mais baixa (2,8 por mil habitantes), sendo que Ribeira Grande surge no topo oposto (11,8 por mil habitantes).
Veja os dados de todos os concelhos no mapa em cima.
Mortalidade em máximos
No relatório publicado esta sexta-feira, o INE constata que a população jovem (pessoas com menos de 15 anos), baixou em 16.330 no ano passado face a 2017, situando-se em 1.407.566. Já a população com idade igual ou superior a 65 anos aumentou em mais de 30 mil, para 2.244.225 pessoas.
"As alterações na dimensão e na composição por sexo e idade da população residente em Portugal, em particular devido à baixa natalidade e ao aumento da longevidade nas últimas décadas, indiciam, além do decréscimo populacional nos últimos anos, a continuação do envelhecimento demográfico", refere o INE.
O decréscimo da população, como é visível no mapa em baixo, também afeta de forma mais intensa o interior, onde a taxa de mortalidade está bem acima da média nacional. Em 2018 morreram 11 residentes por cada mil habitantes, o que representa um máximo desde pelo menos 2011. Em muitos concelhos do interior o rácio é superior a 20 óbitos por mil habitantes.
Vizela (6,1 por mil) tem a taxa de mortalidade mais baixa do país e Alcoutim a mais elevada (31,6 por mil).
Taxa de mortalidade em todos os concelhos
O INE salienta que o índice de envelhecimento, que compara a população com 65 e mais anos (população idosa) com a população dos 0 aos 14 anos (população jovem), continuou a aumentar. Em 2008, por cada 100 jovens que residiam em Portugal havia 116,4 idosos, número que aumentou para 159,4 em 2018.
Há outro índice calculado pelo INE que mostra bem como a população portuguesa está a ficar mais envelhecida. Trata-se do índice de longevidade (mede a relação entre a população mais idosa e a população idosa).
No ano passado existiam 48,5 pessoas com mais de 75 anos, por cada 100 com mais de 65 anos. Como é percetível no mapa em baixo, voltam a ser os concelhos do interior a apresentar os valores mais elevados.
Índice de longevidade em todos os concelhos
O índice de dependência de jovens, que mede a relação entre a população jovem e a população em idade ativa, é outro dos indicadores revelados ontem pelo INE.
Em 2018 existiam 21,2 pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos por cada 100 com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos. Trata-se do rácio mais baixo desde pelo menos 2011 e mostra como o número de jovens em Portugal é cada vez mais baixo.
O INE acrescenta que o índice de dependência total, que corresponde ao número de jovens e idosos por cada 100 pessoas dos 15 aos 64 anos, "continua a aumentar, acentuando a pressão demográfica sobre a população em idade ativa". Em 2008, por cada 100 pessoas em idade ativa residiam em Portugal 50,2 jovens e idosos, número que aumentou para 55,1 em 2018.
Índice de dependência jovem em todos os concelhos