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Política do Banco de Inglaterra beneficiou mais os mais ricos

Os 5% mais ricos foram os mais beneficiados com a política do banco central de criação de moeda. A conclusão é do Banco de Inglaterra que frisa que, sem "quantitative easing", a maioria dos britânicos teria ficado pior.

23 de Agosto de 2012 às 16:10
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À semelhança da Reserva Federal norte-americana e diferentemente do Banco Central Europeu, o Banco de Inglaterra optou por um amplo programa de compra de activos financiado pela emissão de nova moeda (375 mil milhões de libras desde 2009) para tentar contrariar a recessão e ajudar a reparar a crise no sistema financeiro, forçando a uma descida das taxas de juro ("yields") associadas à dívida pública britânica.

Face às críticas de que as sucessivas vagas de "quantitative easing" (QE) estariam a penalizar sobretudo os pensionistas, cujos rendimentos estão frequentemente indexados às "yields", o Banco de Inglaterra realizou um estudo de impacto que defende a sua opção, que foi acompanhada – tal como em Washington e em Frankfurt - pela fixação de taxas de juro nos níveis mais baixos de que há registo (0,5%).

Segundo o banco central liderado por Mervyn King (na foto), baixar juros e comprar activos permitiu tornar a recessão menos dolorosa e evitar mais desemprego e falência de empresas. "Isso teria tido um significativo impacto negativo sobre os aforradores e pensionistas, a par de todos os outros grupos da sociedade" pelo que "todas as avaliações sobre o programa de compra de activos têm de ser enquadradas nessa perspectiva".

Dito isso, o banco central admite que os benefícios dessa opção de gestão da política monetária não foram repartidos de forma equitativa. "Alguns indivíduos terão sido adversamente afectados pelos efeitos directos do QE. Muitas famílias receberam juros mais baixos dos seus depósitos. Mas foram as alterações nas taxas de juro – não a compra de activos – que tiveram impacto dominante nos juros recebidos pelas famílias sobre os seus depósitos ou nos pagos pelos seus empréstimos bancários", sublinha.

No relatório dirigido à comissão parlamentar de Finanças, hoje divulgado pela imprensa britânica, o Banco de Inglaterra admite ainda que, se terão evitado males maiores para a maioria dos britânicos, as vagas de QE terão beneficiado mais os britânicos mais ricos, ao fazer subir em termos relativos os preços de acções e obrigações, concentrados nas mãos de um punhado. Escreve o Banco de Inglaterra que, ao pressionar em alta o preço dos activos, as suas compras acabaram por aumentaram o valor da riqueza financeira das famílias, em particular dos 5% de famílias que deterão 40% do total dos activos em questão.
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