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Poiares Maduro: Crise económica implica riscos mas ajustamento foi "equilibrado"
O ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional reconheceu que existem riscos políticos que "têm vindo a afectar" Portugal e a Europa devido à crise económica, mas considerou que o ajustamento nacional foi "equilibrado" e protegeu os mais desfavorecidos.
Falando numa conferência organizada pela revista britânica 'The Economist', que decorreu esta terça-feira em Cascais, Miguel Poiares Maduro admitiu que "há riscos políticos que têm vindo a afectar Portugal, mas também outros países na Europa", mas ressalvou que Portugal não tem sido um dos países mais afectados.
Segundo considerou, "em parte, a circunstância de Portugal não ter visto ainda alguns desses desafios e riscos políticos tem a ver em parte com a circunstância de, apesar de um ajustamento duro e [pelo facto] de ter sido globalmente equilibrado do ponto de vista social, que procurou ao máximo não agravar situações de desigualdade dentro do país".
Mas, "quer Portugal, quer a Europa, enfrentam riscos políticos", nomeadamente, devido ao facto de a participação eleitoral ter vindo a diminuir e pelo surgimento de movimentos populistas e mais radicais "que têm vindo crescer e a impor a sua popularidade na Europa", disse.
"É conhecido que as crises económicas alimentam tendências populistas, mas alguns destes desafios estão ligados a riscos estruturais da democracia", afirmou o ministro.
Poiares Maduro destacou que têm vindo a intensificar-se "e a multiplicar-se" na Europa, entidades tecnocráticas a quem o sistema político pouco interessa e defendeu, a propósito, a necessidade de" reformas e de normas que legitimem esse crescente poder de entidades tecnocráticas na política".
Defendeu igualmente a necessidade de "reorganizar a democracia na sua relação com os outros Estados e dentro do Estado", pois, "por vezes, os espaços políticos nacionais continuam a funcionar ignorando as consequências das regras europeias", sublinhou.
Na sua intervenção, o governante condenou a manipulação do discurso político que, muitas vezes, "invoca a Europa para não tomar decisões a nível nacional". "A relação entre política nacional e europeia implica perceber que aquilo que decidimos a nível nacional está ligado à Europa, mas obriga-nos a tomar posições a nível nacional de forma honesta e é essa a exigência que deve existir", insistiu Poiares Maduro.
Em jeito de conclusão, o ministro referiu que a política é cada vez menos dominada por "elites", uma vez que vivemos numa sociedade mediatizada, o que levanta "riscos de manipulação populista".
"A política e a democracia dependem de simplificar situações complexas sem as falsificar. O desafio da política hoje é fazer esse tipo de simplificação sem falsificação. Eu não me preocupo tanto com a multiplicação de partidos populistas na Europa, mas mais com a circunstância de contaminação de ver o discurso populista nos partidos políticos mais tradicionais", rematou Poiares Maduro.