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Pequim rejeita críticas do Banco Mundial sobre empréstimos chineses a África
O governo chinês repudiou hoje as críticas do Presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, que afirmou na imprensa internacional que a ajuda financeira da China a África compromete o desenvolvimento social e a protecção ambiental no continente.
O governo chinês repudiou hoje as críticas do Presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, que afirmou na imprensa internacional que a ajuda financeira da China a África compromete o desenvolvimento social e a protecção ambiental no continente.
"A China não pode aceitar um comentário que diz que a assistência financeira a África enfraquece a situação dos direitos humanos em África", disse hoje Liu Jianchao, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa de rotina, respondendo aos comentários de Wolfowitz publicados no jornal "Financial Times".
Os empréstimos dos bancos chineses a África, disse Wolfowitz, ignoram os "Princípios do Equador", um compromisso voluntário que obriga os projectos de desenvolvimento pagos com financiamento privado a respeitar padrões de conduta social e ambiental.
"A China não pode aceitar essa acusação", disse Liu Jianchao, que sublinhou que "a China adopta uma posição de não interferência nos assuntos internos dos outros países".
"A China não quer ver impostos a si mesma outros valores e sistemas sociais, e vice-versa", adiantou o porta-voz.
Paul Wolfowitz manifestou-se ainda preocupado com os empréstimos da China, da Índia e da Venezuela aos países em vias de desenvolvimento, considerando que "existe o risco real de ver países que beneficiaram de perdão de dívidas voltarem a ficar altamente endividados".
O porta-voz da diplomacia chinesa negou as acusações do presidente do Banco Mundial dizendo que a cooperação entre a China e África "tem sido positiva, na base da igualdade e benefícios mútuos, com o objectivo de promover o desenvolvimento social e económico e melhorar a qualidade de vida dos povos africanos".
O governo chinês tem vindo a abrir cada vez mais linhas de crédito a países africanos, reflectido o maior interesse estratégico de África para a China, à medida que a economia chinesa busca fontes energéticas (petróleo e gás) alternativas ao Médio Oriente, novas fontes de matérias-primas e tenta abrir novos mercados para os produtos e empresas chinesas.
Pequim, através do Export-Import Bank (Eximbank) chinês, concedeu mais de 4 mil milhões de dólares em empréstimos a Angola, o segundo maior fornecedor mundial de petróleo à China, para a reconstrução de infra-estruturas no país destruídas após mais de 27 anos de guerra.
A capital chinesa recebe entre 03 e 05 de Novembro a cimeira de chefes de estado e de governo do Fórum de Cooperação Sino-Africano (FOCAC, em inglês), com a presença já confirmada dos mais altos representantes de 48 países africanos.