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Paul Krugman: "Portugal é um caso de sucesso"
Numa homenagem a José da Silva Lopes organizada pelo Banco de Portugal, o prémio Nobel da Economia reflectiu sobre o progresso português desde a revolução de 1974 até aos nossos dias.
Para Paul Krugman (na foto com Braga de Macedo em 2008 quando esteve em Portugal para receber um triplo doutoramento, concedido pelas universidades Clássica, Nova e Técnica), apesar das dificuldades vividas recentemente pela economia portuguesa, a saída da ditadura e a integração europeia do país são ainda um caso de sucesso que não deve, porém, ser tomado como garantido.
"A Europa é ainda um grande caso de sucesso e a capacidade de Portugal fazer parte da Europa é um caso de sucesso. Eu lembro-me de uma altura em que não se tinha a certeza de que Portugal pertencia à Europa democrática… e tornou-se nisso", afirmou o economista norte-americano, recordando o tempo em que esteve em Portugal em 1976, um ano em que o Banco de Portugal recebeu estudantes do MIT.
Contudo, o diagnóstico não é totalmente positivo. Krugman identifica dois elementos que mais o surpreenderam em relação à evolução de Portugal: que a transição para a democracia tivesse sido tão eficaz desde a ditadura; e que "as pessoas tolerassem tão bem o sofrimento gratuito dos últimos cinco anos", acrescentou, referindo-se ao programa de ajustamento implementado em Portugal.
Além disso, sublinha que a economia nacional atravessa ainda desafios importantes, como um "desemprego muito elevado" e que "seria ainda mais alto se as pessoas não tivessem saído" do país.
Sobre o período em que esteve em Portugal durante a década de 70, Krugman recorda que, "politicamente, foi um período único", com a saída de uma ditadura de décadas, uma revolução "quase sem sangue" e a entrada na Europa.
Nessa altura, "Portugal seguia um ciclo normal para um país em desenvolvimento. Quando a equipa esteve cá, tentámos perceber o que se passava", lembra. "Sempre achámos que tinha de haver uma desvalorização da moeda. Silva Lopes sempre disse que fazia sentido, mas era [politicamente] impossível." Portugal acabaria por ser obrigado a desvalorizar a sua moeda.