A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e a congénere espanhola (CEOE) consideram que "deverá ser retirada a proposta [europeia] relativa ao imposto sobre as transações financeiras, dados os seus efeitos prejudiciais sobre a liquidez e a competitividade das empresas, bem como sobre o aumento do custo do financiamento".

Esta reivindicação é uma das propostas inscritas nas conclusões da cimeira empresarial Portugal - Espanha, a que o Negócios teve acesso, e que serão entregues a Pedro Passos Coelho e a Mariano Rajoy no final da cimeira política, que decorre também esta quarta-feira em Vidago, no concelho de Chaves.

No documento assinado por António Saraiva e Juan Rosell, a união bancária no espaço europeu é apontada como "uma prioridade", em virtude do acesso ao crédito continuar muito limitado" e as taxas de juro "permanecerem em níveis muito elevados", o que penaliza a competitividade das empresas portuguesas e espanholas relativamente às concorrentes do centro da Europa e retrai o investimento empresarial.

Ainda na parte da governação económica, os patrões exortam os dois Executivos para "abrir caminho para formas de mutualização das dívidas soberanas que afastem definitivamente a emergência de novas crises". E querem que Passos e Rajoy levantem a voz aos parceiros europeus, como a Alemanha, para que o esforço de correcção dos desequilíbrios externos não venha apenas do lado dos países que acumularam défices, mas também "sustentado por aqueles que têm vindo a acumular continuamente excedentes externos".

Calendarizar já as obras ferroviárias 

No capítulo das infra-estruturas e logística, as confederações patronais de Portugal e Espanha sublinham como "prioritárias" as ligações ferroviárias de transporte de mercadorias nos corredores de Aveiro - Vilar Formoso - Irun e de Sines/Setúbal à fronteira com a França, passando por Madrid. A ligação Porto - Vigo também é relevada neste documento.

A CIP e a CEOE apelam aos seus Governos para que, no quadro dos acordos de parceria com a Comissão Europeia e da utilização do mecanismo "Conectar a Europa", afectem a estas ligações "o financiamento necessário" e promovam "o rápido arranque dos projectos que lhe estão associados". E consideram fundamental a definição, desde já, das datas de conclusão das ligações ferroviárias nos principais corredores, em condições plenas de interoperabilidade das redes.

"A integração das redes ferroviárias ibéricas e destas com França exige o desenvolvimento de um plano conjunto que garanta coerência ao nível de planeamento e de soluções técnicas nos investimentos nesses corredores e assegure a articulação de comboios sem qualquer tipo de entrave técnico, administrativo e corporativo", lê-se nas conclusões da cimeira económica.