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Partidos dizem que Montenegro tem de escolher entre Governo e empresa após pagamentos da Solverde
Chega e Iniciativa Liberal já se pronunciaram sobre o pagamento da avença mensal à empresa fundada por Luís Montenegro pela Solverde: ou se demite do cargo de primeiro-ministro ou abandona a empresa.
O atual primeiro-ministro representou a Solverde aquando das negociações com o Governo de António Costa em relação às perdas vividas durante a pandemia e, segundo o Expresso, a sua empresa familiar Spinumviva continua a receber uma avença mensal de 4.500 euros.
O líder do Chega, André Ventura, defendeu que Montenegro se deve demitir ou apresentar uma moção de confiança, a ser votada no Parlamento.
Numa mensagem partilhada no X, Ventura compara o primeiro-ministro a José Sócrates. "A menos que o primeiro-ministro esteja confortável em ser o novo José Sócrates da política portuguesa, só há um caminho para Montenegro sair disto com o mínimo de credibilidade e integridade. Deve apresentar hoje a demissão ao Presidente da República ou uma moção de confiança no Parlamento", atira o presidente do Chega.
Já Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, dá uma opção a Montenegro: se quiser manter-se no cargo, tem de se desfazer da Spinumviva.
"Se Luís Montenegro quer de facto continuar a ser primeiro-ministro, tem de extinguir esta empresa ou tem de desfazer-se dela, mas para bem longe de si próprio e para bem longe da sua família", afirmou aos jornalistas na Assembleia da República.
"O primeiro-ministro tem de decidir se quer continuar a ser primeiro-ministro de Portugal ou se quer ter atividade empresarial. Já percebemos que as duas coisas não são acumuláveis e o primeiro-ministro já devia ter percebido isso", defendeu Rui Rocha.
Na visão da Iniciativa Liberal, Luís Montenegro deve ainda "pedir desculpa aos portugueses pela imprudência e falta de transparência", "explicar tudo" e "desligar-se completamente desta empresa".
O porta-voz do Livre defendeu também esta sexta-feira que Montenegro deve divulgar os clientes da Spinumviva, ponderar vender a empresa ou optar por a entregar a uma gestão privada.
Rui Tavares indica que a entrega da empresa a uma "gestão completamente profissional com a qual não tem nenhum contacto" já deveria ter acontecido quando foi eleito.
O deputado do Livre assumiu não ter "confiança institucional" no primeiro-ministro para que seja o próximo "a determinar quando é que deve ou não pedir escusa", considerando que este não foi transparente.
Já Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda, considera que as declarações ao país no sábado são "a chance" para Montenegro prestar todos os esclarecimentos devidos e, caso não o faça, o Parlamento deve agir.
"O primeiro-ministro tem um prazo muito curto para poder dar informações. Até amanhã às 20h00 o país tem de conhecer todas as informações. O primeiro-ministro tem uma chance de evitar que o Parlamento tome nas suas mãos este assunto e tem mecanismos para o fazer", vincou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Para Mortágua, Luís Montenegro deve esclarecer "quem são os clientes, quais os valores dos serviços prestados, as datas e o tipo de serviços prestados".
Também em reação à notícia do Expresso, o líder da oposição indica que "é grave" e que o "PS tinha razão quando fez apelos para que o primeiro-ministro desse explicações".
"A confiança dos portugueses [em Montenegro] tem de ser estabelecida porque neste momento não existe", atirou Pedro Nuno Santos, vincando que o primeiro-ministro tem de responder às perguntas que ficaram sem resposta no debate de moção de censura.
Segundo a notícia do Expresso, a avença da Solverde à Spinumviva é paga desde julho de 2021 por "serviços especializados de ‘compliance’ e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais".
O contrato de concessão dos casinos de Espinho e do Algarve, que Montenegro ajudou a renegociar, terminam em dezembro deste ano e a Solverde terá de voltar às negociações com o Governo. Na moção de censura debatida na semana passada, o primeiro-ministro admitiu que irá proceder à "inibição total de intervir em qualquer decisão" que respeite a Solverde ou outra que tenha ligações pessoais ou profissionais através da empresa.
Ao Expresso, o gabinete do primeiro-ministro assumiu que Montenegro "pedirá escusa de intervenção em todos os processos em que ocorra conflito de interesses".
Lembrar que a polémica se instalou por a Spinumviva, atualmente detida pela mulher e filhos de Montenegro, poder beneficiar da nova lei dos solos.