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Cartel do petróleo aumenta oferta acima do esperado em maio. Barril afunda 6%
A expectativa do mercado era de que a queda dos preços do petróleo pudesse levar a OPEP+ a recuar na estratégia, mas a decisão de abrir ainda mais as torneiras foi tomada numa altura em que as cotações afundam no rescaldo do "Dia da Libertação".
Vai entrar ainda mais petróleo no mercado a partir de maio. O grupo que junta a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os aliados da OPEP+ concordou em aumentar a oferta mais do que o previsto, acrescentando o equivalente a três parcelas mensais do seu anterior plano de relançamento da produção.
O grupo liderado pela Arábia Saudita e pela Rússia acrescentará 411.000 barris por dia ao mercado no próximo mês, de acordo com um comunicado. Segundo a Bloomberg, que cita delegados que pedem para não serem identificados já que as conversações foram privadas, a decisão foi tomada na sequência de uma conferência telefónica entre os ministros, esta quinta-feira, que se centrou nos países membros que têm excedido sistematicamente as suas quotas.
O plano passa pela abertura gradual de torneiras para repor 2,2 milhões de barris por dia que foram cortados voluntariamente da oferta por parte de oito países: Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã. Nos termos do plano inicial, este crude deveria ter começado a ser libertado faseadamente a partir de outubro de 2024, num movimento que iria até setembro de 2025. No entanto, os baixos preços do "ouro negro" levaram a que a organização adiasse por três vezes essa decisão.
Estão atualmente em vigor três acordos de retirada de crude do mercado, que ascendem no total a 5,85 milhões de barris diários – e que correspondem a 5,7% da procura mundial. Um dos acordos, em vigor desde novembro de 2023, implica o referido corte voluntário de produção, de 2,2 milhões de barris. A sua entrada progressiva no mercado, em vez de se estender ao longo de um ano, como previsto inicialmente, deverá agora decorrer num período de 18 meses, entre abril de 2025 e setembro de 2026.
Os analistas têm, contudo, admitido a possibilidade de, a qualquer momento, a OPEP+ poder voltar atrás, devido à incerteza em torno dos preços do petróleo. A expectativa era que a queda dos preços pudesse levar o cartel a parar de abrir as torneiras. No entanto, a decisão de abrir ainda mais é tomada numa altura em que as cotações afundam nos mercados internacionais, no rescaldo do anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de novas tarifas globais.
O West Texas Intermediate (WTI), que serve de referência para os Estados Unidos, perde 6,15% para 67,30 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu, incluindo para as importações portuguesas – desvaloriza 5,41% para 70,62 dólares por barril.
As cotações do crude nos principais mercados internacionais estão a afundar em reação ao "Dia da Libertação", no qual Trump impôs uma tarifa mínima de 10% a todos os países e outras adicionais aos principais parceiros comerciais - a China e a União Europeia, com uma taxa de 34% e 20%, respetivamente. No caso do petróleo, a queda deve-se à expectativa de que a guerra comercial penaliza a economia e, consequentemente, o consumo de combustíveis. Mas por todas as classes de ativos o anúncio do Presidente dos EUA espalhou um sentimento negativo.