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«Não» francês afecta ambições europeias e limita crescimento
O veto da França à Constituição Europeia ameaça as ambições da Europa em tornar-se numa super-potência global e põe um travão a 50 anos de integração, afectando o crescimento económico da região.
O veto da França à Constituição Europeia ameaça as ambições da Europa em tornar-se numa super-potência global e põe um travão a 50 anos de integração, afectando o crescimento económico da região.
Ao tornar-se o primeiro país fundador a rejeitar um Tratado Europeu, a França aumentou a clivagem entre países ricos e pobres dentro da União Europeia e entre aqueles que apoiam a política externa dos EUA e os que se lhe opõem.
Os eleitores holandeses poderão piorar a situação na próxima quarta-feira, com as sondagens a anteverem um «não» à Constituição Europeia.
«O mundo fora da EU, sejam americanos, chineses ou indianos, vão olhar para a Europa como estando dividida, numa altura em que a Europa tem que ser forte», afirmou à Bloomberg o secretário-geral da Unice, a federação europeia dos empresários, Christopher de Buck.
O «não» francês reflecte as dúvidas de muitos dos 450 milhões de eleitores europeus sobre se o facto de haver «mais Europa» é a resposta para um crescimento económico que, em 2005, deverá ficar aquém do americano por 13 vezes nos últimos 14 anos. E também afecta as pretensões francesas de tornar a EU num contra-peso aos poderios americano e chinês.
Os eleitores franceses recusaram a constituição – um esboço preparado por um antigo presidente francês, Valéry Giscard d’Estaing – por 55% contra 45%. A Constituição Europeia, para avançar, precisava de aprovação unânime dos 25 Estados-membros.
Este resultado «tira o vento das velas europeias, simplesmente pelo facto do pai fundador da integração europeia virar agora costas à mesma», afirmou à mesma agência Charles Kupchan, membro do Conselho de Relações Externas dos EUA e um ex-membro do Conselho Nacional de Segurança durante a administração de Bill Clinton.
O referendo holandês
Os líderes europeus, em reacção aos resultados, apelaram à continuação do processo de ratificação da Constituição Europeia, começando pelo referendo holandês. A UE deverá decidir se tenta ou não salvar o Tratado, depois de todos os Estados-membros se terem pronunciado, afirmou ontem o presidente em exercício da União Europeia, o primeiro ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker.
«Por agora, compete à França apontar um caminho para a frente», afirmou o líder dos Liberais no Parlamento Europeu, o inglês Graham Watson. «A França, que estava no ‘cockpit’ da integração europeia, votou-se a si mesma para a sala de espera dos passageiros», acrescentou o mesmo responsável.
Até lá, a União Europeia irá funcionar segundo as regras do Tratado mais recente, o de Nice, e que foi ratificado em 2000. As regras que se mantêm dão o mesmo peso às decisões da França, Reino Unido, Alemanha e Itália.