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Moody's desce “rating” da dívida pública de Angola

A agência de notação financeira Moody's desceu o “rating” da dívida pública de Angola de B1 para B2, mantendo-a num nível de classificação altamente especulativo, decisão justificada com o fraco crescimento económico do país e a escassez de divisas.

1º Luanda (Angola)
"Angola ainda enfrenta o difícil desafio da diversificação, longe da sua forte dependência do petróleo", sublinha a agência de notação financeira Moody's.
21 de Outubro de 2017 às 10:34
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A descida no "rating" da dívida soberana de Angola de B1 para B2 por parte da Moody’s, acrescida de uma previsão de evolução que passa de negativa para estável, foi comunicada na sexta-feira à noite, com aquela agência de notação financeira a apontar ainda previsões de alta inflação, cortes no investimento público e um sistema bancário "fraco".

 

"Angola ainda enfrenta o difícil desafio da diversificação, longe da sua forte dependência do petróleo", escreve a agência de notação, ao justificar a descida de mais um nível no "rating" da dívida emitida pelo Estado angolano.

 

É ainda sublinhado que o endividamento público do país quase duplicou nos últimos quatro anos - para fazer face à quebra nas receitas com a exportação de petróleo -, persistindo as "pressões externas", na forma de reduzida liquidez em divisas, face ao "declínio" das reservas internacionais líquidas do país.

 

O Presidente angolano, João Lourenço, admitiu na segunda-feira que o país está numa "situação difícil" em termos económicos e financeiros, tendo registado um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) praticamente nulo, de 0,1%, em 2016.

 

O chefe de Estado angolano discursava na sessão solene de abertura da primeira sessão legislativa da IV Legislatura, na estreia de João Lourenço, eleito a 23 de agosto para suceder a José Eduardo dos Santos, no anual discurso sobre o estado da Nação.

 

"O nosso país encontra-se numa situação económica e financeira difícil, resultante da queda dos preços do petróleo no mercado internacional e da consequente liquidez em moeda externa", disse João Lourenço, num discurso de praticamente uma hora, durante o qual repetiu várias vezes a necessidade de acabar com a "forte dependência do petróleo", através da diversificação da economia.

 

De acordo com o Presidente angolano, a taxa de crescimento do PIB real foi de 0,1% em 2016, contra os 6,8% em 2013, antes da crise provocada pela quebra nas receitas com a exportação de petróleo, mantendo-se a previsão de crescimento de 2,1% para este ano.

 

Depois de uma inflação acumulada de 42% em 2016, João Lourenço apontou para uma previsão "ao redor" de 22,9% para este ano.

 

Num discurso fortemente voltado para as questões económicas, o Presidente angolano enfatizou a influência desta conjuntura nas contas do país, tendo em conta a queda acumulada de 40% nas receitas fiscais entre 2013 e 2016, descida que nas receitas oriundas do sector petrolífero chegou aos 70%.

 

Em contrapartida, a despesa total do Estado registou uma queda de 29% no mesmo período, afectando sobretudo o investimento público, que caiu 55%.

 

"A consolidação orçamental levada a cabo nos últimos anos contribuiu imenso para que não houvesse uma explosão do défice", enfatizou ainda, acrescentando que Angola registou um défice de 2,2% do PIB em 2016 e de 0,9% até ao segundo trimestre deste ano.

 

Estes défices, recordou, foram financiados com endividamento público, que passou de um rácio equivalente a 24,5% do PIB, em 2013, para 56% em 2016.

 

"Neste contexto, impõe-se a tomada de medidas de política necessárias e inadiáveis, de modo a alcançar-se a estabilidade macroeconómica do país, com a pedra de toque no equilíbrio das variáveis macroeconómicas susceptíveis de garantir os equilíbrios internos e externos do país e as condições necessários para estimular a transformação da economia, o desenvolvimento do sector privado e a competitividade", disse.

 

Alguns economistas têm apontado, nas últimas semanas, a possibilidade de uma forte desvalorização do kwanza, moeda nacional, face ao dólar norte-americano, mas João Lourenço não adiantou medidas concretas neste discurso.

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