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Ministro da Cultura mantém críticas sobre CPI à TAP e recusa "suspender espírito crítico"

Pedro Adão e Silva considera que não ofendeu o Parlamento. Em causa está a polémica em torno da entrevista que deu à TSF e ao Jornal de Notícias, em que considerou ter havido deputados a agir como "procuradores do cinema americano de série B da década de 80" na comissão de inquérito à TAP.

Mário Cruz / Lusa
10 de Julho de 2023 às 12:17
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O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, reiterou esta segunda-feira as críticas à forma como decorreram os trabalhos da comissão de inquérito à TAP, recusando "suspender o espírito crítico" sobre o funcionamento da Assembleia da República.

"Ofender a Assembleia? Eu não vejo porquê. O Governo responde perante a Assembleia, mas não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação ao funcionamento do parlamento", afirmou o governante.

Adão e Silva falava aos jornalistas em Vila Viçosa, no distrito de Évora, sobre a polémica em torno da entrevista que deu à TSF e ao Jornal de Notícias, em que considerou ter havido deputados a agir como "procuradores do cinema americano de série B da década de 80" na comissão de inquérito à TAP.

Na sequência da entrevista, o presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou que as declarações do ministro foram uma "falta de respeito" e uma "caracterização muito injusta" do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.

O ministro disse acreditar que a sua opinião sobre os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP "é partilhada por muitos portugueses", considerando que "houve alguns momentos que não edificam a democracia".

"Não se compreendem inquirições noite fora, apreensões de telemóveis em direto, perguntas sobre com quem está a trocar mensagens de SMS (serviço de mensagens curtas) naquele momento e o tom inquisitório", frisou.

Admitindo que "nem todos os deputados tenham espírito critico", Pedro Adão e Silva propôs uma reflexão "sobre a relação entre estes trabalhos nas comissões de inquérito e a forma como eles se transformam e traduzem num longo comentário televisivo".

"Estamos a abrir portas para uma lógica de 'reality show' que degrada todas as instituições e isso foi particularmente visível no funcionamento desta comissão parlamentar de inquérito e na sua transmissão posterior com um longo comentário televisivo", frisou.

O governante disse possuir "um espírito bastante democrático" e, por isso, mostrou-se espantado que "haja uma reação nestes moldes" sobre as suas afirmações.

"Da mesma forma que os membros do Governo têm de estar totalmente disponíveis para serem criticados todos os dias em todos os momentos, não vejo por que motivo não podem criticar e fazer reflexões críticas sobre o funcionamento de outros órgãos", sublinhou.

Recusando retratar-se, Adão e Silva questionou o motivo pelo qual "fazer observações críticas passou a ser uma falta de respeito" e notou que até pode "elaborar mais sobre a leitura que faz sobre o funcionamento" da CPI à TAP.

"É mesmo um exemplo e sintoma daquilo que é alguma evolução muito negativa que eu vejo na relação entre as instituições políticas e a comunicação social", salientou.

O ministro aludiu a pessoas, em geral, "que se habituaram a fazer carreira com declarações redondas, em que não dizem nada" e rejeitou ser esse o seu género.

"Tanto é assim naquilo que estou a fazer como ministro da Cultura como na iniciativa reformista como ministro da Cultura, como ministro que pode ter opinião sobre outras matérias. Não contem comigo para declarações redondas e que nada dizem", acrescentou.
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