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Linha Saúde 24 dispensa enfermeiros fundadores

O Conselho de Administração da LCS Linha de Cuidados de Saúde, SA dispensou, nos últimos dias, sete enfermeiros fundadores da Linha de Saúde 24 (S24). Quatro deles são testemunhas abonatórias da supervisora que a empresa suspendeu na sequência da carta que enviou para a ministra da Saúde, denunciando "falhas graves" nos serviços prestados aos utentes, e os restantes faziam parte da sua equipa.

09 de Janeiro de 2009 às 16:13
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O Conselho de Administração da LCS – Linha de Cuidados de Saúde, SA dispensou, nos últimos dias, sete enfermeiros fundadores da Linha de Saúde 24 (S24). Quatro deles são testemunhas abonatórias da supervisora que a empresa suspendeu na sequência da carta que enviou para a ministra da Saúde, denunciando “falhas graves” nos serviços prestados aos utentes, e os restantes faziam parte da sua equipa.

Contactados pelo Negócios, os profissionais dizem-se vítimas de perseguição e acusam a empresa de estar a prejudicar a qualidade do serviço prestado.

“Perseguição Pidesca”. É assim que Ana Passos, uma das enfermeiras dispensadas, classifica a atitude da LCS, empresa que contratualizou o serviço com o Estado. No final do passado mês de Outubro, o conselho de administração da empresa decidiu suspender a supervisora e fundadora da S24, Ana Rita Cavaco, considerando “inconveniente” a sua presença nas instalações da empresa, fazendo correr um processo disciplinar tendo em vista o seu despedimento por justa causa. Recorde-se que a enfermeira em questão foi a primeira subscritora da carta que oito supervisores fizeram chegar à Ministra da Saúde, Ana Jorge, denunciando “falhas graves” nos serviços prestados aos utentes.

Agora, dois meses e meio depois de decretada tal suspensão, e em vésperas das audições das testemunhas perante os instrutores do processo disciplinar à supervisora, a LCS decidiu abdicar do serviço de sete enfermeiros, que estavam em regime de prestação de serviços. O que têm em comum? Artur Colares, um dos profissionais dispensados, responde. “Somos o grupo fundador e mais experiente da S24. Sempre nos mostrámos críticos e resistentes à imposição de procedimentos meramente economicistas que em nada melhoram o encaminhamento e, directa, ou indirectamente, estamos ligados ao processo da enfermeira Ana Rita Cavaco. Eu, por exemplo, ia testemunhar hoje a seu favor [sexta-feira] e fui despedido ontem”.

Fonte oficial da LCS “estranha” as dúvidas levantadas pelo Negócios perante tais dispensas. “Apenas houve uma não renovação de contrato com quatro colaboradores. Como em todas as empresas, há uma avaliação de ‘performance’ dos colaboradores. E nestes casos não estávamos contentes com o desempenho. ”. Uma justificação que esbarra no facto de uma das enfermeiras dispensadas ser a única profissional que fazia parte do quinto escalão de remuneração. Isto é, ser a única a quem a empresa reconhecia, no âmbito do processo de avaliação de desempenho, competência para estar praticamente no topo da pirâmide remuneratória – composta por seis escalões.

Para Ana Passos a verdadeira justificação é outra. “Para mim, não tenho dúvidas de que o facto de ser testemunha da Ana Rita [supervisora] foi determinante”. A enfermeira de 49 anos fala ainda do “ambiente de terror” que se vive “dentro daquela empresa” e que, na sua opinião, “prejudica o atendimento” de quem recorre à linha. “Havia pressão para despachar as chamadas, mesmo que os detalhes importantes ficassem por esclarecer”, acrescenta. “Despachar literalmente”, sublinha Artur Colares, dando como exemplo de ser impossível aconselhar uma mãe com um recém nascido em nove minutos, como exige a empresa. A mesma ideia foi sublinhada por outros colaboradores da S24 contactados pelo Negócios.

Já ontem, a LCS comunicou a contratação de 23 enfermeiros e dois supervisores, tendo em vista a “disponibilização permanente de um serviço de elevada qualidade e disponibilidade", segundo fonte da empresa.

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