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Liga dos Bombeiros critica novas regras de comunicação da ANPC

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses acusou, em declarações à Lusa, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) de aplicar a "lei da rolha", em reacção às novas regras de comunicação anunciadas na terça-feira.

Bruno Simão/Negócios
19 de Julho de 2017 às 01:13
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A ANPC anunciou que vai fazer a partir de quarta-feira dois 'briefings' diários, incluindo aos fins-de-semana, sobre os incêndios no país, um de manhã e outro ao final do dia. Em comunicado enviado à agência Lusa, a ANPC justificou a medida com a necessidade de divulgação de informação completa e actualizada em matéria de incêndios rurais e diz que a mesma também liberta "os comandantes das operações de socorro para se concentrarem no essencial, que é a conduta das operações de protecção civil nos vários teatros de operações".

 

Para Jaime Marta Soares (na foto), presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), esta situação levou-o a dizer que "parece a aplicação da 'lei da rolha'", classificando-a como "um atentado ao direito à informação" e aludindo a uma situação de "democracia suspensa na estrutura" da ANPC.

 

Indicia, insistiu, "e é grave que assim seja, que a ANPC não acredita nos quadros que ela próprio nomeou. Se não têm competências para informar, como podem ter para comandar?".

 

Marta Soares considerou que "isto é muito estranho", uma vez que, justificou, (parece que a ANPC) "tem dúvidas sobre a capacidade de informar o que se passa", apesar de "todas estas pessoas fazerem todos os anos cursos intensivos" de comunicação.

 

"Então, agora proíbe-os de falar?! E retiram a informação do local onde o incêndio está a decorrer? Para ser filtrada através de Lisboa? Um incêndio em Alijó, Mangualde, Valença, Guarda ou Vila Real de Santo António?", questionou.

 

Para Marta Soares, o novo figurino não lhe parece resultar de uma vontade de quer informar convenientemente, perguntando: "O que querem filtrar? O que não se pode dizer?", concluindo que "impera a lei da rolha", o que "não pode admitir-se".

 

Por outro lado, o presidente da Liga dos Bombeiros salientou que as novidades "não têm impacto nos comandantes dos corpos de bombeiros", uma vez que "estes têm toda a liberdade - e é como que um alerta à Comunicação Social - no sentido de que qualquer comandante de bombeiros que esteja no teatro de operações está sempre disponível, ninguém lhe pode cercear a liberdade de comunicar". "Só eles é que podem decidir se querem falar ou não", vincou.

 

Por fim, Marta Soares afirmou que "não acredita que a ANPC não reflicta sobre estas questões e não retire esta prática, porque se trata de um cercear do direito à informação e da aplicação da 'lei da rolha'".

 

Pelas novas regras da ANPC, os encontros com a imprensa para fazer um ponto da situação acontecem às 09:00 e às 19:00, na sua sede, em Carnaxide, e que às terças-feiras o comandante operacional nacional, Rui Esteves, fará um ponto da situação mais alargado.

 

"Fora destes horários, os jornalistas poderão acompanhar a informação actualizada sobre os incêndios rurais em www.prociv.pt, através de contacto com o Oficial de Operações e Emergências (OFOPE) do Comando Nacional de Operações de Socorro ou a assessoria de imprensa da ANPC", adianta o comunicado.

 

A ANPC explica que visa assim "disponibilizar em contínuo informação operacional aos jornalistas, de modo a poderem realizar o seu trabalho com o máximo rigor e eficiência", deixando implícito que os comandantes das operações de socorro não disponibilizarão informação.

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