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Inês Sousa Real acusa AD de desvalorizar direitos das mulheres. Montenegro demarca-se

Na resposta, o presidente do PSD distanciou-se das declarações do parceiro da coligação, o líder do PPM. Luís Montenegro disse não conhecer as palavras de Gonçalo da Câmara Pereira antes de terem sido reproduzidas na comunicação social.

11 de Fevereiro de 2024 às 22:05
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As acusações do PAN à AD de desvalorizar os direitos das mulheres aqueceram este domingo o debate entre os dois líderes, com Inês Sousa Real a criticar Luís Montenegro por aceitar na coligação "alguém que ache legítimo bater numa mulher".

"Não podemos aceitar que a AD traga para o século XXI valores do século passado, alguém que ache legítimo bater numa mulher, o PAN só pode distanciar-se de um sinal muito negativo", afirmou a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, numa alusão implícita a declarações proferidas publicamente pelo líder do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, que integra, juntamente com PSD e CDS-PP, a Aliança Democrática (AD).

Na resposta, o presidente do PSD distanciou-se destas declarações do parceiro da coligação, que disse não conhecer antes de terem sido reproduzidas na comunicação social.

"Não me revejo, lamento que essas declarações tenham sido proferidas e estou convencido que o próprio está arrependido", disse, considerando "abusivo transportar para a AD" qualquer complacência sobre este tema.

Inês Sousa Real insistiu que o voto na AD seria um voto para "silenciar as mulheres", queixando-se de estar a ser interrompida no debate pelo líder do PSD, com Montenegro a apelar para não utilizar a sua condição feminina para se vitimizar.

O líder do PSD acusou a porta-voz e deputada única do PAN de estar descontextualizada, assegurando que não existe no programa da AD qualquer "desvalorização da condição da mulher".

"Tenho defendido um especial enfoque na reformulação das urgências e, dentro destas, nas urgências de obstetrícia precisamente a pensar na saúde materna, área na qual resultados da governação do PS, ao qual a Inês Sousa Real se associou, são trágicos", criticou.

O tom tenso entre os dois líderes partidários manteve-se ao longo de todo o debate, também na questão dos direitos dos animais, com Sousa Real a acusar a AD de continuar a defender uma "atividade anacrónica" como as touradas.

Montenegro contrapôs que a primeira lei de proteção dos animais tem o cunho do PSD, em 1995, tal como a que criminalizou os maus tratos a animais de companhia, em 2014, acusando a líder do PAN de ver no programa da AD "aquilo que não está lá", também na área do ambiente.

"Era só o que faltava que a Inês Sousa Real e o PAN quisessem tomar conta de um legado que é nosso, isso é usurpação de legado", acusou, evocando o trabalho de antigos governantes do partido nesta área como Carlos Pimenta, Jorge Moreira da Silva ou José Eduardo Martins.

Inês Sousa Real criticou a escolha da AD do antigo líder da CAP Eduardo Oliveira e Sousa para cabeça de lista em Santarém, de quem disse ter "uma visão obsoleta" da agricultura, levando o líder do PSD a questionar a motivação de tantas acusações.

"Eu acho que a Inês Sousa Real, fruto de alguma circunstância política, não sei se o apelo do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ao voto útil, aparece aqui com uma ladainha a propósito das posições da AD que não correspondem à realidade", lamentou.

Montenegro acusou o PAN de "desdenhar os agricultores" - o que foi negado por Inês Sousa Real - e salientou que é importante equilibrar os valores ambientais com "a valorização do mundo rural".

No debate, a líder do PAN recusou estar refém de uma vitória do PS nas próximas eleições. "O único voto que não é inútil é no PAN. Votar no PS e no PSD é exatamente a mesma coisa", disse, enumerando vários diplomas que o partido conseguiu aprovar nos últimos dois anos apenas com uma deputada.

Montenegro contrapôs que se se quer "vangloriar de ter conseguido alguns dos seus objetivos" no parlamento através de negociações com o PS, Inês Sousa Real tem de assumir todo o legado da governação socialista. "Porque não usou a sua magistratura de influência para colocar médicos, enfermeiros e professores, para resolver problemas na habitação?", criticou.

Questionado sobre a ausência de referências no programa da AD à morte medicamente assistida, que aguarda regulamentação, o presidente do PSD disse que o partido "aguarda uma pronúncia do Tribunal Constitucional" a um pedido de fiscalização sucessiva que fez do diploma, para que haja "segurança jurídica" sobre o tema".
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