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Há cerca de 170 incêndios activos em Portugal

Pelo menos 31 pessoas morreram nas centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia do ano em fogos. Esta segunda-feira ainda há 274 ocorrências, de acordo com os dados da Protecção Civil.

Cofina Media
16 de Outubro de 2017 às 11:07
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A Protecção Civil já confirmou que pelo menos 31 pessoas morreram nas centenas de incêndios que deflagraram no domingo.

Ao final do dia de ontem tinham sido contabilizados 6 mortos em consequência dos incêndios que assolaram o país este domingo, o pior do ano em termos de incêndios. Esta manhã, o presidente da Câmara de Vouzela, Rui Ladeira, disse à Lusa que tinham morrido quatro pessoas no concelho.

 

Logo ao início da manhã, o Correio da Manhã dava conta que o número de vítimas mortais era superior a 20.  

O site da Proteção Civil revela que às 12:30 existem 274 ocorrências, 176 das quais em curso, 25 em fase de resolução e 73 em conclusão. Há 5.720 operacionais no terreno, 1.764 meios terrestres e dois meios aéreos.

Número provisórios

Entretanto, a Autoridade Nacional da Proteção Civil confirmou, no briefing para fazer um balanço dos incêndios, que pelo menos 31 pessoas morreram nas centenas de incêndios que deflagraram no domingo.

Segundo disse à Lusa Patrícia Gaspar, da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), os mortos foram registados nos distritos de Coimbra, Aveiro, Castelo Branco e Viseu.

A mesma fonte acrescentou que os números são ainda provisórios, uma vez que todos os dados estão a ser validados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

"Os dados que temos apontam para duas dezenas", afirmou Patrícia Gaspar, explicando que estes números podem variar ligeiramente, dependendo da validação do INEM.

 

Quatro mortos em Vouzela

 

Quatro pessoas morreram durante a madrugada de hoje no concelho de Vouzela, na sequência de um incêndio florestal que assolou a freguesia de Ventosa, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Rui Ladeira.

 

De acordo com o autarca, as quatro vítimas mortais são todas da aldeia de Ventosa, tendo três delas sido encontradas dentro de suas casas e uma delas na via pública.

 

"Para já, são quatro mortos, mas ainda estamos a fazer a avaliação. Também continuamos com frentes de fogo activas", acrescentou.

 

Rui Ladeira revelou que Vouzela continua com uma frente de fogo fortíssima sobre a vila, tendo já ardido "cerca de 80% do concelho". "As escolas do concelho vão estar abertas durante o dia de hoje", acrescentou.

 
Balanço de domingo apontava para seis mortos

Ao final do dia de ontem o balanço oficial apontava para seis mortos, a que somam os quatro de hoje em Vouzela.

 

Duas pessoas morreram em Penacova, no distrito de Coimbra, uma no incêndio que lavra no concelho da Sertã e uma outra em Oliveira do Hospital.


Uma fonte autárquica disse à Lusa que as duas mortes em Penacova ocorreram devido ao fogo, que teve origem na manhã de hoje no concelho da Lousã, na povoação de Vale Maior, em território da União de Freguesias de Friúmes e Paradela da Cortiça.

Na Sertã, de acordo com fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco, o morto é um civil cujo corpo foi encontrado na localidade de Vale do Laço.

Em Oliveira do Hospital foram confirmadas duas mortes pela adjunta de operações da Autoridade Nacional de Operações de Socorro, Patrícia Gaspar. Há ainda a lamentar um morto no concelho de Nelas, distrito de Viseu, sendo uma de duas pessoas que estavam dadas como desaparecidas.

Quatro pessoas ficaram também em estado grave num acidente ocorrido na autoestrada A25, em Aveiro, quando fugiam de um fogo, adiantou esta responsável. Os incêndios que estão activos hoje no país feriram já 25 pessoas. 

O primeiro-ministro dirigiu-se esta noite à sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) para uma reunião onde esteve presente a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

Governo declara calamidade pública em todos os distritos a Norte do Tejo

 

O primeiro-ministro anunciou esta segunda-feira a assinatura da declaração de calamidade pública nos distritos a norte do rio Tejo na sequência dos 523 incêndios registados este domingo e que já causaram pelo menos seis mortes e mais de duas dezenas de feridos.

A decisão, explicou António Costa esta madrugada em declarações aos jornalistas no final de uma reunião de emergência de quase hora e meia na sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil, pretende criar condições de mobilização de meios numa altura em que se antecipa que esta segunda-feira seja um dia igualmente "difícil" para o combate aos incêndios, como foi este domingo.

Com a declaração de calamidade pública, os bombeiros voluntários terão assegurada a justificação das faltas nos locais trabalho e o direito a dois dias de descanso por cada dia de trabalho no combate aos incêndios, explicou.

O chefe do Governo atribuiu o elevado número de ignições deste dia à acumulação de material combustível ao longo de quase uma década com baixo nível de incêndios, ao segundo ano consecutivo de seca severa e às elevadas temperaturas e vento forte, além da identificação de um número maior de suspeitos de crime de incêndio.

António Costa lamentou que os dez anos desde a reforma da Protecção Civil não tivessem sido aproveitados para fazer a reforma da floresta - a que está em curso deverá durar uma década, antecipou  - e disse que incêndios com as características dos deste ano tenderão a voltar a acontecer nos próximos.

"Seguramente se vai repetir. Se os senhores julgam que há alguma solução mágica para que se faça reforma da floresta, estão completamente enganados, e não vale a pena tentar convencer os portugueses que se vai resolver rapidamente um problema que se formou ao longo de décadas," afirmou.

Ao longo de quase 20 minutos de respostas aos jornalistas - durante os quais se mostrou visivelmente irritado com algumas perguntas sobre a implementação da reforma da floresta -, António Costa reafirmou a confiança na ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa e considerou "infantil" a ideia de que as consequências políticas se tiram com a demissão de ministros.

"O que os portugueses querem é uma atitude madura. Os portugueses são adultos, sabem bem que os governos não têm varinhas mágicas," disse.

No final, António Costa comentou ainda as palavras do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que este domingo defendeu que as comunidades têm de ser "proactivas e não ficarmos todos à espera que apareçam os nossos bombeiros ou que apareçam os aviões para nos resolver o problema". 

"O que o secretário de Estado apelou a todos é que todos devemos procurar evitar qualquer comportamento que coloque risco, adoptar medidas de autoprotecção e procurar ajudar os outros se for preciso," concluiu.

(Notícia actualizada às 12:35 com actualização do número de mortos)

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