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Há 20 anos, um muro caía

A 9 de Novembro de 1989, o governo da Alemanha de Leste anunciou a abertura das fronteiras para o lado Ocidental do país. O discurso televisivo, feito por Günter Schabowski, poderia ter tido consequências desastrosas, já que o porta-voz do Politburo não tinha lido o documento até ao fim e, sem saber que a livre passagem entraria em vigor apenas no dia seguinte, disse que os alemães poderiam transpôr o Muro de Berlim a partir daquele momento.

06 de Novembro de 2009 às 19:40
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A 9 de Novembro de 1989, o governo da Alemanha de Leste anunciou a abertura das fronteiras para o lado Ocidental do país. O discurso televisivo, feito por Günter Schabowski, poderia ter tido consequências desastrosas, já que o porta-voz do Politburo – incumbido de divulgar as alterações à legislação vigente relativa às viagens – não tinha lido o documento até ao fim e, sem saber que a livre passagem entraria em vigor apenas no dia seguinte, disse que os alemães poderiam transpôr o Muro de Berlim a partir daquele momento.

A reacção não se fez esperar. Milhares de alemães do Oriente acorreram aos postos fronteiriços, para se reencontrarem com as suas famílias e amigos, depois de uma separação de 28 anos. Ainda hoje, quem relembra aquela noite da liberdade, não consegue fazê-lo sem se emocionar.

Há histórias tão inacreditáveis como a de uma senhora que vivia do lado Oriental e foi levar o seu cão ao veterinário, do lado Ocidental, onde ficou internado. No dia seguinte, quando ia buscá-lo, tinha um muro à sua frente, conforme conta Frederick Taylor no seu livro “O Muro de Berlim”.

Entre 13 de Agosto de 1961 e 9 de Novembro de 1989, muitos alemães tinham perdido a vida ao tentarem transpôr o Muro de Berlim. Ao que consta, perto de 5.000 alemães terão tido êxito na fuga para Berlim Ocidental e mais de 200 terão morrido a tentar. Alexandra Hildebrandt, directora do Checkpoint Charlie Museum e viúva do fundador do museu estima o número de mortos bastante acima dos 200, ao passo que o Center for Contemporary Historical Research, em Potsdam, fala em 136 mortes.

As manifestações de protesto contra o Muro de Berlim subiram de tom no Outono de 1989. Milhares e milhares de alemães gritavam nas ruas ‘nós somos o povo!’ (“Wir sind das Volk!”). Mas eles queriam ser também, de novo, “um povo”.

A visita à Alemanha Oriental do dirigente russo, Mikhail Gorbachev, intensificou os pedidos de ajuda. Todos gritavam ‘Gorbi, Gorbi, Gorbi’, que naquela altura operava mudanças na União Soviética com as políticas da “Glasnost” (Transparência) e da “Perestroika” (Reestruturação).

A 4 de Novembro de 1989, um milhão de pessoas juntou-se na Alexanderplatz, em Berlim Oriental. Foi a gota de água. O governo percebeu que a situação era insustentável. A revolução estava a ser pacífica, todos pediam para que não houvesse violência, mas reclamar não chegava. O Muro de Berlim tinha de cair.

Quando finalmente foi possível começar a passar para o lado Ocidental, na noite de 9 de Novembro (também uma segunda-feira, como este ano), os alemães foram avisados que não poderiam regressar às suas casas na Alemanha Oriental. Nem isso os travou. A determinada altura, era impossível continuar a fazer controlos nas fronteiras – carimbando os passaportes para se saber quem estava a passar para “o outro lado” – e as cancelas foram abertas. Era o princípio do fim do muro, que caiu pouco tempo depois.

E do outro lado, onde milhares de alemães esperavam pelos seus compatriotas, o governo chegou mesmo a disponibilizar autocarros para transportar os cidadãos da Alemanha Oriental que - exaustos, mas euforicamente felizes - chegavam em catadupa.

Aquele que foi considerado como um marco do final da Guerra Fria celebra agora o seu 20º aniversário. Uma idade maior que comemora a queda de um muro fortificado e de quilómetros de arame farpado que um dia dividiram uma nação e separaram famílias inteiras.

Veja aqui um vídeo do YouTube com alguns dos principais momentos que antecederam a livre passagem pelo Muro de Berlim.

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