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Guterres reforça liderança para secretário-geral da ONU

O ex-primeiro-ministro António Guterres consolidou a sua posição entre as preferências do Conselho de Segurança das Nações Unidas para ocupar o cargo de secretário-geral da organização.

Reuters
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António Guterres deu mais um passo para poder tornar-se o 9º secretário-geral da ONU, ao destacar-se uma vez mais entre as preferências dos 15 países membros do Conselho de Segurança, que realizaram esta sexta-feira a sua segunda votação.

 

Apesar de a votação ser secreta, rapidamente houve uma "fuga" dos resultados, tal como aconteceu com a segunda ronda. Mas desta vez os resultados são oficiais e foram divulgados pela ONU.

O candidato português recebeu 11 votos de encorajamento, dois de desencorajamento e dois sem opinião, continuando à frente de Danilo Turk - o esloveno estava em segundo lugar na primeira ronda de votações e agora passou para quarto. Na primeira ronda, Guterres não tinha tido qualquer voto de desencorajamento, mas, ainda assim, manteve-se hoje na liderança.

Logo a seguir a Guterres, na votação de hoje, ficou Vuk Jeremic, ex-ministro sérvio dos Negócios Estrangeiros, com 8 votos de encorajamento (e 4 de desencorajamento e 3 sem opinião). Na primeira ronda, Jeremic tinha ficado em terceiro lugar, a par com mais dois candidatos.

Também com 8 votos de encorajamento ficou a ministra argentina dos Negócios Estrangeiros, Susana Malcorra - mas teve 6 de desencorajamento e 1 sem opinião. 

Estão na corrida ao posto cimeiro da ONU 11 candidatos - seis homens e cinco mulheres – depois de Vesna Pusic, ex-ministra croata dos Negócios Estrangeiros, ter anunciado ontem a sua desistência.

O Conselho de Segurança irá proceder a várias rondas de votações até que chegue a consenso em relação a um candidato, em Setembro ou Outubro. A maioria dos diplomatas diz que ainda se está longe de uma decisão final, mas alguns avançaram à Reuters que Guterres está bem posicionado para ser o escolhido.

 

Depois de o Conselho de Segurança acordar um nome, este será ratificado pela Assembleia Geral da ONU, onde têm assento os 193 Estados-membros da organização.

 

Os 15 países membros do Conselho de Segurança (cinco deles são permanentes e têm direito de veto: EUA, Reino Unido, França, Rússia e China) dispõem de um voto para cada candidato e podem escolher entre ‘encorajar’, ‘desencorajar’ ou ‘não ter opinião’.

Aquando da primeira votação, no passado dia 21 de Julho, os membros do Conselho de Segurança decidiram não divulgar os resultados da votação, mas estes rapidamente foram conhecidos. António Guterres ficou claramente à frente, depois de receber 12 votos de encorajamento (e 3 sem opinião), seguido do antigo presidente esloveno Danilo Turk, que recebeu 11 (mas teve dois de desencorajamento e 2 sem opinião). Um dos candidatos obteve 11 votos de desencorajamento mas não desistiu: foi Vesna Pusic, ex-ministra croata dos Negócios Estrangeiros. Decidiu abandonar a corrida ontem, 4 de Agosto, dizendo que o mais provável é ser eleito alguém que já trabalhou na ONU - como é o caso de Guterres.


António Guterres foi primeiro-ministro de Portugal de 1995 a 2002. Três anos depois, foi nomeado Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, cargo que ocupou até ao ano passado.

Liderar agora não quer dizer nada

 

Para já António Guterres venceu as duas primeiras votações. O que significa que o português está bem posicionado para poder suceder a Ban Ki-moon como secretário-geral das Nações Unidas.

 

Há, no entanto, alguns senãos. Nesta votação indicativa feita pelos 15 Estados que actualmente compõem o Conselho de Segurança da ONU (cinco permanentes e 10 não-permanentes), António Guterres recebeu dois votos de desencorajamento. Se estes dois votos forem provenientes de um dos membros permanentes – como por exemplo a Rússia ou a China – então de nada servirá a Guterres a liderança nas votações.

 

O português tem contra si o princípio de rotatividade do cargo, segundo o qual desta vez deveria ser alguém proveniente da Europa de Leste a ocupar a liderança das Nações Unidas. Por outro lado, mais de meio século desde a constituição da ONU, a organização nunca foi liderada por uma mulher. Desta vez acreditava-se que seria uma mulher a ser indicada para o cargo.

 

Das cinco mulheres que permanecem na corrida, são apontadas como mais fortes candidatas a búlgara Irina Bokova, directora-geral da UNESCO, que é apoiada pela Rússia, e a argentina Susana Malcorra, ministra dos Negócios Estrangeiros da Argentina, que terá a preferência de Washington. Ambas foram as mulheres a recolher maior preferência nesta segunda votação.

 

Há ainda um outro factor potencialmente desfavorável para Guterres. Até à data, Moscovo opôs-se sempre a candidatos à liderança da ONU provenientes de países-membros da NATO. E Portugal é um dos fundadores da organização atlântica.

(noticia actualizada com comunicação oficial da ONU e mais informação)

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