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FMI admite que crescimento mundial desça para 3,1% este ano pelo coronavírus

Para Kristalina Georgieva, ainda é "muito cedo" para se conseguir estimar com alguma precisão o impacto da propagação do coronavírus Covid-19, mas deverá ter consequências mais profundas nos setores do turismo e do transporte.

Reuters
16 de Fevereiro de 2020 às 13:24
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A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) admitiu hoje que a previsão de 3,3% para o crescimento da economia mundial possa descer 0,1 ou 0,2 pontos percentuais devido à propagação do coronavírus.

"Por enquanto, a nossa previsão é de 3,3% e pode haver uma redução de 0,1 ou 0,2 pontos percentuais", disse Kristalina Georgieva durante uma intervenção no Fórum Global das Mulheres, que decorre no Dubai.

"Este é um caso especial e peço a todos que não tirem conclusões precipitadas", acrescentou a responsável, notando que "há muita incerteza e estes são cenários, não são projeções" do FMI.

Para Kristalina Georgieva, ainda é "muito cedo" para se conseguir estimar com alguma precisão o impacto da propagação do coronavírus Covid-19, mas deverá ter consequências mais profundas nos setores do turismo e do transporte.

"Não conhecemos a natureza exata deste vírus, não sabemos a que velocidade a China será capaz de contê-lo e se ele se espalhará mais pelo mundo, o que sabemos é que afetará as cadeias de valor globais", acrescentou a diretora-geral do FMI.

Na quarta-feira, Georgieva já tinha dito à estação televisiva CNBC que o cenário mais provável passava por uma forte queda da atividade económica na China, seguida de uma rápida recuperação, tal como aconteceu durante a crise do SARS (vírus da síndrome respiratória aguda grave, responsável pela doença conhecida como gripe das aves), que matou quase 300 pessoas em 2002 e 2003.

Se a China conseguir conter a epidemia, "poderá haver uma pequena queda e uma recuperação muito rápida", reiterou hoje, lembrando que o peso da China na economia mundial aumentou, desde então, "de 8% para 19% hoje".

Quanto ao crescimento do país, já estava a abrandar naturalmente, disse Georgieva, sublinhando, no entanto, que "o abrandamento das tensões comerciais" entre Washington e Pequim, com a assinatura em janeiro de um acordo comercial preliminar, tinha permitido ao FMI prever uma melhoria na sua projeção de crescimento para este ano.

O FMI tinha revelado as suas mais recentes previsões para a economia mundial em 20 de janeiro, esperando uma recuperação de 3,3%, acima dos 2,9% registados em 2019, devido, em particular, a uma pausa na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, mas o relatório ressalvava que a recuperação era ainda frágil e que a incerteza poderia abrandar a recuperação.

O Fórum Global da Mulher decorre hoje no Dubai com a participação de muitas personalidades, incluindo Ivanka Trump, filha e conselheira do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e a ex-primeira-ministra britânica Theresa May.

O número de mortes na China causadas pelo coronavírus subiu para 1.665, depois de a Comissão Nacional de Saúde daquele país ter anunciado hoje mais 142 casos fatais nas últimas 24 horas.

Já o número de infetados na China continental (que exclui Macau e Hong Kong) é agora de 68.500, verificando-se um aumento de 2.009 casos nas últimas 24 horas.

Com estes números, o total de mortes a nível mundial é de 1.669. Além dos 1.665 mortos na China continental, há a registar um morto na região especial administrativa chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão e um em França.

As autoridades chinesas isolaram várias cidades da província de Hubei, no centro do país, para tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.

Em Portugal, surgiram até agora sete situações suspeitas, mas nenhum caso se confirmou.

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), há 44 casos confirmados na União Europeia e no Reino Unido.
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