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Ferreira Leite diz guerra Iraque e economia alemã podem afectar crescimento Portugal

A guerra no Iraque e os atrasos na retoma da economia alemã poderão afectar ainda mais o crescimento da economia portuguesa em 2003, que será baseado nas exportações e no investimento privado, disse Ferreira Leite, ministra do Estado e das Finanças.

25 de Março de 2003 às 21:15
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A guerra no Iraque e os atrasos na retoma da economia alemã poderão afectar ainda mais o crescimento da economia portuguesa em 2003, que será baseado nas exportações e no investimento privado, disse Manuela Ferreira Leite, ministra do Estado e das Finanças, que, no pior cenário, dá conta de um aumento da inflação de 0,5 pontos percentuais.

A ofensiva dos Estados Unidos e aliados no Iraque, caso se prolongue até ao terceiro trimestre do ano, com aumentos do preço do petróleo acima dos 50 dólares, poderá implicar num aumento da inflação de 0,5 pontos percentuais face ao previsto pelos países da União Europeia (EU), o que em Portugal esse valor atingiria os 3%, acrescentou a ministra do Estado e das Finanças, citando um estudo da Comissão Europeia.

«A guerra no Iraque está a complicar a retoma da economia e essa retoma está dependente da duração da guerra», afirmou Ferreira Leite, no seminário promovido pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

Para a ministra «é difícil avaliar o impacto da guerra na economia nacional, porque esta depende também da percepção do mercado».

Citando um estudo da CE, Ferreira Leite, destacou que num cenário mais optimista da ofensiva armada no Iraque, o qual somente duraria até ao segundo trimestre deste ano, implicando um aumento do preço do petróleo acima dos 40 dólares, que os produtos das economias da EU decresceriam 0,1 pontos percentuais face ao previsto. Neste caso, o produto interno bruto nacional aumentaria 1,2% e as taxas de inflação subiriam entre 0,1 a 0,2 pontos percentuais.

Num cenário mais pessimista, os produtos das economias europeias cairiam entre 0,3 a 0,4 pontos percentuais e a inflação cresceria 0,5 pontos percentuais na Europa com os preços do petróleo a atingirem valores acima de 50 dólares, acrescentou a mesma fonte. Este perspectiva tem em conta que a guerra se prolongue até ao terceiro trimestre de 2003.

«Esperemos que não seja este cenário mais pessimista aquele que vá acontecer», desabafou a ministra das Finanças.

Além do fenómeno da guerra do Iraque, que, segundo a mesma fonte, tem vindo a afectar as economias, mesmo antes da sua efectivação, a economia nacional está dependente da evolução da economia alemã.

O Governo, no âmbito da consolidação das finanças públicas decidiu apoiar o crescimento do PIB na procura externa e no investimento privado. As exportações seriam, então, afectadas, pela procura externa, de um dos principais parceiro de Portugal: a Alemanha.

Os atrasos na retoma da economia alemã, levam à redução da procura de bens e serviços, prejudicando as estimativas de crescimento económico nacional.

«Não nego que se não melhorar a situação alemã, vai ser difícil, atingir os valores previstos do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), e que teremos taxas de crescimento inferiores ao que estávamos a pensar ter», avançou a mesma fonte.

O Governo prevê que o PIB este ano aumente 1,3%, com a inflação a ficar nos 2,5%.

Esta redução do produto denota uma maior dificuldade no alcance do défice orçamental previsto de 2,4% do PIB em 2003. O Governo teria, então, que recorrer a mais receitas extraordinárias ou um acréscimo de quebra nas despesas para conseguir atingir a referida meta.

Reformas estruturais e finanças públicas como meios de ultrapassar crise e não aumento de investimento público

Para ultrapassar este cenário de crise, Ferreira Leite propõe reformas estruturais e a continuação da consolidação das finanças pública, recusando, como muitos economistas e agentes de mercado, aumentar o investimento público, para acelerar o crescimento da economia.

«O investimento público, como alguns apelam, apesar de ter sido elevado, no passado, não se verificaram significativos aumentos do produto e da produtividade», salientou a ministra das Finanças.

Mais, para Ferreira Leite, «muitas vezes (o anterior Executivo) esconderam despesas correntes, derrapagens nas obras públicas e elefantes brancos, como investimento público».

A ministra recusa-se a entrar por esta via e quer «melhor investimento público». Nesse sentido, Ferreira Leite deixa um alerta para as regiões Autónomas e para as autarquias em particular «é essencial canalizarem os seus recursos para o que é efectivamente investimento público. Esse ponto é o mais crucial neste momento, porque podem estar a prejudicar mais do que a beneficiar o nosso país».

As reformas da saúde, da educação, do património, do mercado de trabalho e da Segurança Social, são destacadas por Ferreira Leite como forma de se reduzirem os desequilíbrios resultantes da fenómenos menos favoráveis para a economia. «Sem isso não há estabilidade, não há credibilidade, a retoma económica não é possível», referiu a ministra

Por Bárbara Leite

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