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Ferreira Leite: "A desconfiança geracional é um incentivo à evasão"

Da música ao futebol, do espectáculo à política, o livro lançado esta segunda-feira por Pedro Adão e Silva e Mariana Trigo Pereira sobre "Os Mitos do Estado Social português" contou com a presença de notáveis de vários quadrantes.

A ex-ministra das Finanças de Durão Barroso e antiga ministra da Educação de Cavaco Silva é uma das mais próximas de Rui Rio. No Parlamento trabalharam juntos, partilhando o acompanhamento pelas matérias orçamentais.
Bruno Simão/Negócios
14 de Setembro de 2015 às 21:38
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João Araújo, advogado de José Sócrates, teve esta segunda-feira um raro momento de descanso das câmaras e dos microfones. Marcou presença na apresentação pública do livro "Cuidar do futuro, os Mitos do Estado Social português", mas, desta vez, sem ter de enfrentar os assédios do passado. Na plateia, boa parte da qual ficou em pé, pontuavam outras figuras públicas a disputar as atenções.

 

Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, dois ex-presidentes da República, compuseram as filas da frente. Maria de Belém, candidata ao mesmo lugar na história, e outros ex-governantes como Vera Jardim, Ferro Rodrigues, Emanuel dos Santos, Maria de Lurdes Rodrigues, Edite Estrela ou Fernando Medina, sucessor de António Costa na Câmara de Lisboa, integraram a numerosa comitiva socialista. Norberto Rosa, ex-secretário de Estado do Orçamento do PSD/CDS e Manuela Ferreira Leite, a quem coube a apresentação do livro (a par com Mário Centeno), representaram a quota da direita. Luís Montez, Margarida Rebelo Pinto, João Gil, e o ex-futebolista Diamantino, formavam o grupo igualmente notado, do espectáculo, da cultura e do desporto.

 

Das aspirações à exequibilidade

 

Durante a apresentação da obra, lançada numa altura em que o financiamento do sistema público de pensões toma lugar de destaque no debate eleitoral, Mário Centeno, economista que liderou o grupo de peritos do PS que preparou as bases do programa eleitoral, sublinhou que o Estado Social foi uma ambição das sociedades modernas, e que "os mitos [como os que os autores desmontam no livro] são criados para condicionar a ambição dos homens. Ainda assim, há regras a que um Estado Social tem de obedecer, para perdurar: precisa de produção de riqueza, e de equidade na sua distribuição, coisa que, em seu entender, não está assegurada quando metade da população tem um rendimento inferior a oito mil euros anuais.

 

Já Manuela Ferreira Leite, antiga ministra das Finanças e ex-líder do PSD, repetiu duras críticas à narrativa adoptada pelo Governo ao longo dos últimos quatro anos, em que tentou cortar temporariamente subsídios de férias e Natal e pensões da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social de forma permanente.

 

Segundo a economista, foi criada a ideia – errada – de que a Segurança Social está no centro dos problemas orçamentais do país, para abrir caminho aos cortes alimentou-se uma  estratégia divisionista de lançar velhos contra novos, que mais não faz do que criar descrença no sistema público e de alimentar a sua deterioração. Até porque "a desconfiança geracional é um incentivo à evasão", sublinhou. Ferreira Leite também não concorda com a proposta de plafonamento, pelos mesmos motivos de solidariedade intergeracional: se os jovens deixarem de contribuir para a Segurança Social, deixa de haver quem assegure a protecção dos reformados, adverte.

 

Numa coisa, contudo, parece concordar com Pedro Passos Coelho: também acha que este é um assunto no qual os partidos se devem empenhar para obterem um consenso duradouro.

 

 

Ferreira Leite: a aliança do PS à direita

 

Pedro Adão e Silva, co-autor do livro, e analista político, não vê consensos políticos interpartidários sustentáveis, pelo menos antes de os protagonistas se porem de acordo sobre alguns conceitos – e, mais do que avançar com sugestões de reformas, este ivro serve para precisar conceitos e desmistificar alegadas distorções que caíram no senso comum. 

 

Mas uma coisa consegue antever. Aliás, duas: Mário Centeno e Manuela Ferreira Leite, com quem António Costa, líder do PS, já disse comungar de "uma identidade muito significativa", como futuros proeminentes protagonistas da vida política portuguesa. Em que lugares, não especificou. 

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