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Fernando Alexandre: “Porque não definimos como objetivo pobreza infantil zero?”

O ex-secretário de Estado do Governo de Passos Coelho participou esta quinta-feira na 1.ª Convenção da Europa e de Liberdade.

Vítor Mota
10 de Janeiro de 2019 às 13:14
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"Porque é que não definimos como objetivo pobreza infantil zero?" O desafio foi deixado pelo ex-secretário de Estado do governo de Passos Coelho, Fernando Alexandre, esta quinta-feira, na 1.ª Convenção da Europa e da Liberdade, que decorreu na Culturgest, em Lisboa.

O economista e professor da Universidade do Minho sublinhou que num país com uma baixa taxa de natalidade e com um problema demográfico latente há que ajudar todas as crianças a ter oportunidades para crescer saudáveis e capazes de contribuir ativamente para a economia.

"Precisamos de crescer para pelo menos manter o que temos hoje", frisou. "A população ativa vai diminuir 30% até 2060", lembrou, citando dados do Instituto Nacional de Estatística e reforçando que o peso das camadas mais velhas da população vai aumentar muito.

Para o professor, este cenário agrava-se ainda mais porque a economia portuguesa tem hoje uma das dívidas mais altas do mundo. E recorreu aos números para mostrar como o crescimento económico será fundamental.

"A nossa dívida em stock está em 250 mil milhões de euros", notou. Pegando na população ativa, "que é quem tem de gerar riqueza para pagar a dívida", e assumindo que não há inflação, não há défice e também não há crescimento, em 2060 a dívida pública por pessoa em idade ativa terá passado de 38 mil euros para 54 mil euros por pessoa, explicou. "Isto quer dizer que temos de crescer 1% para a carga da dívida pública não aumentar," concluiu.

"20% das crianças estão a viver em pobreza", continuou Fernando Alexandre. "Estas crianças ficam mal nutridas, têm menos oportunidades e no fundo têm pouca capacidade de acrescentar à economia", somou, lançando depois o desafio de erradicar a pobreza infantil, mesmo que fosse necessário cada autarquia apoiar os seus bebés.

A par deste esforço, defendeu, Portugal precisa de eliminar o gap de qualificações que ainda tem entre a população jovem, concentrar-se em ter investimento de qualidade, em vez de colocar um objetivo numérico "que não tem sentido nenhum", e lutar por continuar a aumentar o peso das exportações no PIB.
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