"O Estado tem que dar o exemplo, tem que ser mesmo exemplar". A frase podia servir para qualquer área de actividade, mas o ministro de Estado e das Finanças resolveu aplicá-la aos prazos de pagamento dos serviços da Administração  e empresas públicas aos fornecedores, noticia o "Diário Económico".

Exemplos de casos em que o Estado é mau pagador não são difíceis de encontrar: basta olhar para os 782 milhões de euros que os hospitais devem à indústria farmacêutica (pela venda de medicamentos aos hospitais) e os 250 milhões de euros que são devidos pelo Estado às construtoras.

Ou então olhar melhor e perceber que nas Obras Públicas há facturas por pagar há mais de dois anos e na Saúde os hospitais demoram, em média, um ano a pagar aos fornecedores, segundo as associações destes sectores.

Portugal está entre os países europeus que regista um maior prazo médio de pagamentos – cerca de 152 dias – de acordo com um recente relatório da empresa Intrum Justicia.

No Parlamento, a semana passada, Teixeira dos Santos revelou já ter dado indicações aos controladores financeiros para terem "uma especial atenção" aos prazos de pagamento de cada ministério", acrescentando que espera ver resultados concretos dessa actividade: "Têm de exercer pressão [sobre os serviços de todos os ministérios] porque o Estado tem que dar o exemplo", salientou o responsável pela pasta das Finanças.

O papel dos controladores financeiros – uma espécie de ‘espiões’ das Finanças que trabalham em cada Ministério – é, essencialmente, zelar pelo cumprimento das metas orçamentais e identificar previamente os factores que podem contribuir para a derrapagem da despesa, ou para qualquer desequilíbrio na execução orçamental.