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Estado avança com expropriação da Amadora (act)

A CP e a Bombardier não chegaram a acordo sobre o futuro das instalações da Amadora no prazo definido pelo Governo, que terminou ontem à meia-noite. Perante a ausência de um compromisso ou contrato assinado por parte da multinacional, o Ministério das Obr

17 de Maio de 2005 às 14:48
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A CP e a Bombardier não chegaram a acordo sobre o futuro das instalações da Amadora no prazo definido pelo Governo, que terminou ontem à meia-noite.

Perante a ausência de um compromisso ou contrato assinado por parte da multinacional, o Ministério das Obras Públicas decidiu hoje iniciar o processo de expropriações de parte das instalações que era alvo das negociações com a CP e que representam cerca de 40% a 45% da área total, disse hoje a secretária de Estado dos Transportes.

Segundo Ana Paula Vitorino, o processo de expropriação, iniciado hoje, irá demorar um a dois meses e pressupõe uma fase prévia de negociação com a Bombardier que será conduzida pela parte do Estado pela Refer – Rede Ferroviária Nacional. Só depois desta fase negocial é que poderá se declarada a utilidade pública e efectivada a expropriação.

Os montantes em causa, disse Ana Paula Vitorino, em conferência de imprensa, terão por base as avaliações feitas no processo de negociações e os valores encontrados que apontavam para quatro milhões de euros pelos terrenos e instalações e dois milhões de euros pelo equipamento. A expropriação, esclareceu, só incide sobre os terrenos e as instalações.

A capacidade de produção ferroviária em Portugal volta assim para as mãos do sector empresarial do Estado, embora fiquem em aberto futuras parcerias com fabricantes privados para transferência de tecnologia e "know-how" para o sector nacional.

CP acusa Bombardier de fazer exigências não acordadas

O presidente da CP, António Ramalho, disse que a Bombardier nunca chegou a formalizar o acordo de princípio que tinha sido alcançado no final de Abril. Apesar das várias propostas da CP, a empresa canadiana limitou-se a acusar a sua recepção sem formalizar a aceitação dos princípios negociados num contrato promessa de compra e venda, falhando todos os prazos acordados com a operadora para o fazer.

Por outro lado, a Bombardier, segundo a CP, voltou atrás em relação aos princípios que já tinha aceite e fez novas exigências que eram susceptíveis de pôr em causa as regras da concorrência.

Em causa esteve, segundo António Ramalho, a assinatura de um contrato de manutenção com a CP interdependente do contrato relativo às instalações da Amadora. Este contrato iria ter impacto no prelo e pressionar a actividade de manutenção da empresa pública

A empresa canadiana terá ainda querido obter garantias relativamente ao loteamento da área não abrangida pelo acordo com a CP, abrindo a porta a uma eventual utilização para outros fins de natureza imobiliária.

Questionado sobre se a Bombardier esteve de má fé no processo, António Ramalho limitou-se a dizer que a «Bombardier não soube, não pode ou não quis» chegar a acordo.

Ana Paula Vitorino, por seu turno, relembrou as palavras do administrador do grupo canadiano na reunião que teve em Portugal com o Ministério das Obras Públicas, a propósito do prazo fixado pelo Governo «se as duas empresas quiserem negociar e chegar a um acordo três semanas são suficientes».

Apesar do fracasso das negociações, a CP mantém um projecto de actividade de manutenção e produção e montagem ferroviária, já apresentado ao Governo, no quadro do plano de reestruturação da Emef, participada para esta actividade. O projecto está agora previsto para as oficinas do Entroncamento e envolve um investimento de 7,5 milhões de euros.

A operadora ferroviária mantém ainda interesse em criar um centro de competências tecnológicas no sector ferroviário na região de Lisboa, sendo a unidade da Amadora aquela que reúne melhores condições para receber este projecto.

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