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Estado deve deixar de ser visto como empecilho da economia, apela Pedro Nuno Santos

"Temos de mudar a forma de como olhamos para o Estado no seu papel de transformação das economias", disse o secretário-geral do PS.

11 de Novembro de 2024 às 14:59
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O secretário-geral do PS defendeu esta segunda-feira que é preciso deixar de olhar para o Estado como uma espécie de empecilho no desenvolvimento económico e que a economia portuguesa tem potencial, basta que se saibam fazer boas escolhas.

"Olhamos muitas vezes para o Estado como uma espécie de empecilho no desenvolvimento económico. Nós temos de mudar a forma de como olhamos para o Estado no seu papel de transformação das economias. Os Estados com boas políticas são mesmo uns dos principais instrumentos de transformação de uma economia", disse Pedro Nuno Santos.

O líder socialista participou esta segunda-feira, por videoconferência, na conferência "Reindustrialização" que decorre em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, sessão na qual disse que Portugal deve concentrar melhor os seus investimentos e apostas.

"Acredito no potencial da economia portuguesa, saibamos nós fazer escolhas, tomar decisões, concentrar os recursos nas áreas, nos setores com futuro e que já têm competências científicas e tecnológicas e empresariais instaladas em Portugal", referiu.

Antes, Pedro Nuno Santos apontou que a União Europeia (UE) "percebeu finalmente" que "precisava de se reindustrializar e ter uma indústria para travar a contínua perda para outras zonas do globo, modernizando a sua economia" e daí a criação dos instrumentos de flexibilização das regras de auxílio do Estado.

"É um pau de dois bicos. São uma oportunidade, mas também podem ser um problema (...). Portugal não tem capacidade para competir com as grandes economias e por isso é que há riscos nesta flexibilização. No entanto temos de explorar os graus de liberdade que as novas regras de auxílio de Estado vêm conferir", considerou.

A este propósito, Pedro Nuno Santos defendeu que o Governo português tem de se dotar de uma equipa totalmente especializada nas regras da concorrência europeia que permita desenhar políticas públicas que explorem ao máximo os graus de liberdade que as regras de auxílio de Estado permitem ter.

"Esse trabalho não tem sido feito como é necessário em Portugal", apontou.

Na conferência organizada pela Rádio Renascença e pela Câmara Municipal de Gaia, o secretário-geral do PS também defendeu que "só uma economia mais sofisticada pode reter os jovens qualificados", acrescentando que os jovens portugueses emigram não só pelos salários mais altos do Norte da Europa, por exemplo, mas porque em Portugal não conseguem ter saídas.

"Somos dos países que mais forma engenheiros, mas não temos uma economia que absorva os engenheiros", exemplificou.

Pedro Nuno Santos também considerou que Portugal deve mudar de estratégia no que diz respeito à política de incentivos porque a sua é "muito mais abrangente" e dirige-se "a muitas mais áreas do que o que acontece no resto da UE".

"Quando a nossa politica de incentivos não é suficientemente seletiva, não conseguimos ter poder de fogo em nenhuma área", considerou.

A energia, a industria automóvel, os transportes, nomeadamente a ferrovia, a metalomecânica e equipamentos industriais, bem como a agricultura sustentável e a saúde (medicamentos e equipamentos) foram as áreas elencadas pelo líder dos socialistas.

Pedro Nuno Santo também considerou que Portugal deve "passar da lógica de apoio à exportação para uma lógica de apoio à internacionalização".
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