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Endividamento privado resiste à queda

O endividamento do sector privado nacional caiu face ao final de 2013, mas aumentou nos últimos três meses. Um indicador do árduo caminho na redução de um stock de dívida que representa quase três vezes o PIB.

21 de Agosto de 2014 às 13:15
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O endividamento total do sector privado português atingiu os 465,4 mil milhões de euros no final do primeiro semestre, quase três vezes o PIB nacional. Os 279,6 do produto representam uma queda 1,4 mil milhões de euros face ao final de 2013, mas um aumento de 765 milhões de euros em relação ao final de Março de 2014, mostram dados do Banco de Portugal divulgados quinta-feira.

 

Este tropeção na trajectória de queda que marcou o arranque do ano é mais um dos indicadores da difícil e lenta desalavancagem do sector privado nacional que, no final de 2011, com a troika a instalar-se no País, acumulava um stock de dívida 484,5 mil milhões, ou seja, 283,1% do PIB, apenas 4 pontos de PIB acima do valor agora registado pelo banco central. 

 

Os vários sectores da economia têm dado contributos distintos para a desalavancagem do sector privado.Do lado das famílias, o esforço começou mais cedo e com maior intensidade. Entre o final de 2011 e o primeiro semestre deste ano os particulares reduziram as suas dívidas de 16,3 mil milhões de euros (cerca de 9,3%) para um total de 157,6 mil milhões no final do primeiro semestre (94,6% do PIB). Já a redução verificada do lado empresaral no mesmo período ficou-se pelos 0,9% (de 310,6 para 307,8 mil milhões de euros).

 

O desempenho dentro do sector empresarial é também heterogéneo, dependendo da dimensão das empresas em causa. No caso das grandes empresas, o nível de endividamento face a 2011 até aumentou de 76,7 para 88,8 mil milhões de euros em 2011 e 2014. Já entre as PME registou-se uma queda expressiva de 179,5 mil milhões de euros para 160,8 mil milhões.

 

A redução do endividamento privado é um dos objectivos das políticas de ajustamento macroeconómico que têm vindo a ser adoptadas e, desejavelmente, deveria acontecer o mais rapidamente possível, de forma a permitir o relançamento da economia e dos fluxos de crédito.

 

Para tal, a redução do dívida deveria ocorrer em articulação com um processo de limpeza dos balanços dos bancos, em particular dos créditos incobráveis que permanecem em níveis elevados. A clarificação e limpeza dos livros contabilísticos da banca é uma das consequências positivas que se espera da avaliação de activos bancários que está a ser conduzida pelo BCE, em antecipação à sua entrada como supervisor único em Novembro deste ano.

 

O endividamento total da economia, incluindo sectores público e privado, continua em máximos, tendo atingido os 740,5 mil milhões de euros no final do primeiro semestre (444% do PIB), revela ainda o Boletim Estatístico do Banco de Portugal. Trata-se de um aumento de 2,1% face ao final de 2011.

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