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Economistas alertam que Governo não pode perder controlo das contas públicas
Vários economistas consideraram esta terça-feira que o Governo tem de ser cauteloso para não perder o objectivo de controlo das contas públicas, não se deixando iludir pelo recente crescimento da economia.
À margem de uma conferência em Lisboa da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, o economista Vítor Bento afirmou que a economia portuguesa está "no bom caminho", referindo-se ao crescimento económico de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, mas considerou que "não se deve embandeirar em arco e sobretudo não estragar o que funciona bem", recordando que a riqueza produzida ainda está abaixo dos níveis antes da crise.
É preciso "não dar cabo das contas públicas" e manter a tendência de crescimento, afirmou o também presidente da SIBS, gestora da rede Multibanco.
Também o economista Luís Campos e Cunha considerou, em declarações aos jornalistas, que não se pode "perder o ritmo de consolidação orçamental", até porque a futura saída do Procedimento por Défices excessivos (PDE) é "só o primeiro passo na direcção certa, mas o trabalho não está feito".
Contudo, quando questionados sobre o que nas medidas do Governo os leva a estarem preocupados com uma eventual perda do ritmo de controlo das contas públicas, nenhum economista explicitou o seu pensamento.
Campos e Cunha, que foi ministro das Finanças do primeiro Governo de José Sócrates, entre Março e julho de 2015, frisou apenas que tendo em conta o endividamento público o Estado tem de "receber mais do que gasta". Já na conferência organizada pela SEDES, o ex-governante tinha afirmado que tinha "medo de alterações nas leis laborais", mas sem dar mais detalhes sobre o tema.
Ainda no painel de debate, o presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), João Duque, deixou críticas ao processo de regularização dos precários do Estado, considerando que se vai fazer a entrada de milhares de trabalhadores na administração pública "sem refletir sobre o que se quer oferecer à sociedade e sem avaliar as necessidades do Estado".
Ainda nas declarações aos jornalistas, Campos e Cunha afirmou que, em sua opinião, não é necessário um grande aumento do investimento público, considerando que não precisa de ser mais de 2% do PIB, recordando que a economia tem recuperado nos últimos trimestres com esse investimento público em níveis reduzidos. O importante, sublinhou, é o investimento privado.