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Eanes recorda Sampaio como uma das "figuras maiores" da democracia

O antigo Presidente da República evocou este sábado Jorge Sampaio como um homem que mostrou um "corajoso empenho na defesa dos ideais democráticos".

Duarte Roriz
11 de Setembro de 2021 às 11:52
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O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes recordou este sábado Jorge Sampaio como uma "das figuras maiores da vida política" contemporânea de Portugal e como um homem que mostrou um "corajoso empenho na defesa dos ideais democráticos".

"Jorge Sampaio é, por merecimento de continuidade e unidade na ação cívica e na ação política, sobretudo, uma das figuras maiores da vida política portuguesa contemporânea", sustentou o general Ramalho Eanes, através de uma declaração no seu gabinete, em Lisboa.

Em nome próprio e da mulher, Maria Manuela Ramalho Eanes, apresentou à família, "em particular à sua mulher e filhos, sentidas condolências".

O general descreveu Sampaio como "um companheiro extremamente importante e inspirador" na luta pela "implantação da democracia" no país.

O antigo chefe de Estado descreveu Sampaio como um homem de "valores e convicções humanistas, com expressão no pensamento e na ação", que "cedo mostrou o seu corajoso empenho na defesa dos ideais democráticos".

O general Ramalho Eanes lembrou que a luta do antigo Presidente Jorge Sampaio pela democracia começou quando ainda era estudante, altura em que desempenhou um "papel importante" no combate "académico contra o regime".

"Fê-lo, depois, enquanto advogado, na defesa judicial dos perseguidos políticos. Fê-lo, com unidade e continuidade coerentes, depois de Abril", completou.

Jorge Sampaio, prosseguiu o general, "criou organizações políticas, certamente ciente de que, nelas, melhor se reorganiza e defende a discussão político-ideológica, que informa, esclarece, consciencializa, mobiliza e proporciona tolerância - tudo isto indispensável a uma democracia que se pretende em constante aprofundamento".

Sampaio também se candidatou à presidência da Câmara de Lisboa, na opinião de Ramalho Eanes, por perceber que através do cargo "mais fácil seria o diálogo com a sociedade civil, com as suas organizações, mais fácil seria a mobilização destas para que, através do diálogo, da cooperação, da crítica, mesmo da contestação, elas se constituíssem em fonte e motor de governação autárquica".

E neste contexto abriu a liderança do município a "uma certa pluralidade partidária", através da coligação 'Por Lisboa' com o PCP.

O general Ramalho Eanes também enalteceu a criação, por Sampaio, da plataforma que possibilita a refugiados sírios a continuação dos estudos universitários, "capacitando-os, assim, para um futuro de esperança e uma intervenção na conquista da paz no seu país".

Esta plataforma, entretanto, alargada a refugiados afegãos, é parte do legado de Sampaio que Eanes gostava de ver consolidado.

"É justamente devida, a Jorge Sampaio, a homenagem que o País ora lhe presta. Homenagem que se poderia continuar através da revitalização do seu projeto de apoio à formação universitária de refugiados em Portugal. Creio que tal seria possível através de instituições da sociedade civil, nomeadamente de alguma fundação para tal vocacionada", concluiu.

Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.

Para este sábado está previsto o velório e o funeral, com honras de Estado, realiza-se no domingo, antecedido por uma homenagem nacional no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
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