Notícia
De nervos em franja
Uma palavra? Grécia. É lá que o destino dos europeus se joga - ou é jogado para o chão. O nervosismo alastrou-se nos mercados, atingiu Espanha, França e, é claro, Portugal. Por cá, a economia segue menos mal e o desemprego pior. Em contrapartida, a Alemanha tem crédito mais barato do que nunca. E o Facebook já vale um balúrdio em Bolsa. Viagem do que marcou a semana através das notícias do Negócios.
18 de Maio de 2012 às 21:00
Euro, um jogo frenético
Grécia sim, Grécia não, Grécia talvez, Grécia sobe, Grécia desce, Grécia, Grécia, Grécia. A semana noticiosa foi dominada pela instabilidade política, social e financeira na zona euro.
Desde as eleições de 6 de Maio que a Grécia está em impasse político: à beira da ingovernabilidade. Se já está perdido com tudo o que se passou, pode ler o ritmo acelerado dos dias mais importantes desde então aqui, aqui e aqui. Esta semana, o fio noticioso prosseguiu aqui, num processo que foi concluído com Pikramenos empossado primeiro-ministro interino da Grécia.
De repente, a saída da Grécia do euro passou a ser uma questão de "quando?". (Veja aqui qual é o caminho de uma eventual para essa saída.) A verdade é que o país pode ter problemas em pagar salários e reformas já em Junho.
O tempo do medo
Leia aqui o Editorial de Helena Garrido
Os efeitos colaterais estão a ser imediatos. Os juros de Portugal e de Espanha subiram, sendo que
Portugal está na linha da frente do contágio grego.
No mesmo dia em que se soube que a Grécia já tem primeiro-ministro por um mês, o Banco Central Europeu confirmou que suspendeu financiamento a alguns bancos gregos.
As forças de pressão continuam. O Syriza, partido que lidera as intenções de voto para as próximas eleições, diz querer a Grécia dentro da Europa e dentro da Zona Euro, mas o seu líder ameaça não pagar dívida à Europa se financiamento à Grécia for cortado.
As reacções prosseguiram até ao final da semana. Nouriel Roubini é da opinião de que a Grécia deve abandonar o euro. Miguel Frasquilho avisa que "estamos à beira de uma catástrofe económica e financeira", numa conferência on de Luís Amado foi mais longe: "A Europa está no fio da navalha e já não tem muito tempo".
Enquanto isso, soube-se que seis países do euro persistem em recessão. E a Alemanha emite dívida ao custo mais baixo de sempre...
Banca, um sector em queda
Os efeitos colaterais da crise grega também acentuaram o movimento negativo da banca nacional. Na semana em que passou a ter em bolsa as acções do aumento de capital, o BES registou várias sessões de quedas acentuadas para mínimo histórico, penalizado também pelos resultados do primeiro trimestre, que falharam as previsões do mercado. A tendência de queda nos resultados da banca portuguesa não se regista apenas no BES, já que também CGD, BCP e BPI só tiveram lucros graças a extraordinários. O banco liderado por Ricardo Salgado não irá recorrer às ajudas do Estado, numa altura em que a portaria que regula a recapitalização do sector com dinheiros públicos, que define um desconto de 35% na compra das acções, está já publicada.Na banca espanhola as más notícias também se avolumaram. Uma alegada corrida aos depósitos do Bankia fizeram as acções afundar e foram 16 os bancos do país a ver o seu rating cortado pela Moody's. A situação difícil do sector financeiro leva o primeiro-ministro a temer que mercados deixem de financiar Espanha e os analistas a estimar que o pais terá que avançar para um pedido de ajuda.
Economia a recuperar, desemprego a subir
Na economia portuguesa, as noticias da semana podem ser encaradas positivas para os optimistas e negativas para os pessimistas. Se a recessão abrandou no primeiro trimestre, o desemprego atingiu um recorde no mesmo período.
A queda de apenas 0,1% no PIB no primeiro trimestre surpreendeu os economistas, que já estimam uma quebra na produção abaixo de 3% este ano.
No lote das notícias positivas, a a Fitch concluiu a que o ajustamento de Portugal está a ter início "promissor" e que Portugal é o único país sob assistência onde depósitos aumentaram.
Em Portugal, Esta foi também a semana em que o Governo atacou as rendas excessivas na energia, que originou ameaças por parte da Endesa, e uma reacção amigável da EDP.
Na Europa, a semana fica marcada pelo esperado encontro entre Merkel e Hollande, que não teve beijos, mas foi imune a um raio.