Notícia
Costa Silva: "O Estado é a nossa única barreira de proteção"
O consultor contratado pelo Governo para preparar uma Visão Estratégica para a recuperação económica de Portugal na próxima década defende um "equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados".
Foi com o Governo em peso na plateia do Centro Cultural de Belém que António Costa Silva apresentou, esta terça-feira, a sua "Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030". O presidente da petrolífera Partex realçou, no entanto, que este "não é um plano do Governo" e que a fase seguinte, ou o "day after", é que será da exclusiva competência do Executivo, a quem caberá "fazer escolhas".
A visão de Costa e Silva, que servirá de base ao plano de recuperação da economia que o Governo terá de apresentar a Bruxelas (um primeiro esboço terá de chegar em outubro), foi revisto e aumentado face à versão apresentada no Conselho de Ministros no início do mês. Mas o fundamental mantém-se. Transição energética, industrialização, tecnologia e infraestruturas são algumas das palavras-chave.
"Esta pandemia deixou-nos a pensar. Como é que um pequeno vírus coloca de pernas para o ar tudo o que criámos durante séculos. Não estamos a conseguir transformar a informação em conhecimento. Penso que temos uma visão excessivamente economicista e financeirista da sociedade, e não damos importância a outras ciências", realçou.
Para Costa Silva, a pandemia "veio revelar uma dependência excessiva face a certos paises asiáticos, como a China", e é por isso "que vai haver uma grande reorganização da cadeia logística e a reindustrialização da Europa", que para o presidente da Partex "não é regressar ao passado", mas antes "construir bases para a indústria do futuro", e é isso "que Portugal pode fazer de forma muito consistente".
Assumindo que sempre foi um "homem das empresas", Costa Silva reconheceu que "quando grandes ameaças externas acontecem, o Estado é a nossa única e última barreira de proteção" e que "aquelas teorias que dizem que devemos ter um estado mínimo estão derrotadas pela História".
"Acho que os mercados são máquinas fundamentais de criação de inovação e competitividade, defendo igualmente que tem de haver um equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados. Este é um dos grandes desafios deste tempo", afirmou.
Em relação à crise económica provocada pela pandemia, Costa Silva admitiu que "a recuperação vai ser lenta e difícil" e que "não podemos ter ilusões". A crise sanitária "arrasta uma crise económica que vai ser muito profunda e difícil, que implica uma queda do nosso PIB, do consumo, do investimento e o aumento do desemprego". E apesar de elogiar, "os planos que o Governo está a articular como resposta à crise", o consultor chamou a atenção para "o que pode acontecer em setembro e outubro", se alguns destes apoios deixarem de ser executados.
"Temos empresas rentáveis que estão com a corda na garganta e é fulcral mantê-las à tona, pois se recuperarem serão eixos fundamentais para o crescimento da economia". O consultor considerou que "esta crise vai exponenciar constragimentos históricos que ainda não conseguimos superar, como o mercado interno limitado, as empresas descapitalizadas, a dívida pública, a produtividade baixa, o nível baixo de investimento e a fiscalidade elevada".
E que, para superá-los, "as empresas têm de estar no centro da recuperação económica", o que implica "alterar o perfil da economia", para "qualificar o emprego e minimizar todas as formas precárias de emprego". Nesse sentido, Costa Silva apelou à criação de mais riqueza, de forma a "atrair imigrantes, fixá-los no país e criar condições para o regresso de parte da diáspora que abandonou o país", o que irá "contrariar o envelhecimento".
O investimento nos portos marítimos foi outra das apostas que Costa Silva classificou como "fulcral" para "desenvolver a economia azul".
"Até hoje estabelecemos com o mar uma relação predatória, usamos o mar como a casa de banho do planeta. Não pode acontecer", realçou, defendendo que Portugal tem "todas as condições para estabelecer uma Universidade do Atlântico nos Açores, com um pólo na Madeira", um dos projetos defendidos no plano de 139 páginas, que estará em consulta pública até ao final de agosto.
A visão de Costa e Silva, que servirá de base ao plano de recuperação da economia que o Governo terá de apresentar a Bruxelas (um primeiro esboço terá de chegar em outubro), foi revisto e aumentado face à versão apresentada no Conselho de Ministros no início do mês. Mas o fundamental mantém-se. Transição energética, industrialização, tecnologia e infraestruturas são algumas das palavras-chave.
Documento
"Esta pandemia deixou-nos a pensar. Como é que um pequeno vírus coloca de pernas para o ar tudo o que criámos durante séculos. Não estamos a conseguir transformar a informação em conhecimento. Penso que temos uma visão excessivamente economicista e financeirista da sociedade, e não damos importância a outras ciências", realçou.
Para Costa Silva, a pandemia "veio revelar uma dependência excessiva face a certos paises asiáticos, como a China", e é por isso "que vai haver uma grande reorganização da cadeia logística e a reindustrialização da Europa", que para o presidente da Partex "não é regressar ao passado", mas antes "construir bases para a indústria do futuro", e é isso "que Portugal pode fazer de forma muito consistente".
Assumindo que sempre foi um "homem das empresas", Costa Silva reconheceu que "quando grandes ameaças externas acontecem, o Estado é a nossa única e última barreira de proteção" e que "aquelas teorias que dizem que devemos ter um estado mínimo estão derrotadas pela História".
"Acho que os mercados são máquinas fundamentais de criação de inovação e competitividade, defendo igualmente que tem de haver um equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados. Este é um dos grandes desafios deste tempo", afirmou.
Em relação à crise económica provocada pela pandemia, Costa Silva admitiu que "a recuperação vai ser lenta e difícil" e que "não podemos ter ilusões". A crise sanitária "arrasta uma crise económica que vai ser muito profunda e difícil, que implica uma queda do nosso PIB, do consumo, do investimento e o aumento do desemprego". E apesar de elogiar, "os planos que o Governo está a articular como resposta à crise", o consultor chamou a atenção para "o que pode acontecer em setembro e outubro", se alguns destes apoios deixarem de ser executados.
"Temos empresas rentáveis que estão com a corda na garganta e é fulcral mantê-las à tona, pois se recuperarem serão eixos fundamentais para o crescimento da economia". O consultor considerou que "esta crise vai exponenciar constragimentos históricos que ainda não conseguimos superar, como o mercado interno limitado, as empresas descapitalizadas, a dívida pública, a produtividade baixa, o nível baixo de investimento e a fiscalidade elevada".
E que, para superá-los, "as empresas têm de estar no centro da recuperação económica", o que implica "alterar o perfil da economia", para "qualificar o emprego e minimizar todas as formas precárias de emprego". Nesse sentido, Costa Silva apelou à criação de mais riqueza, de forma a "atrair imigrantes, fixá-los no país e criar condições para o regresso de parte da diáspora que abandonou o país", o que irá "contrariar o envelhecimento".
Acho que os mercados são máquinas fundamentais de criação de inovação e competitividade, defendo igualmente que tem de haver um equilíbrio virtuoso entre o Estado e os mercados. Este é um dos grandes desafios deste tempo António Costa Silva
O consultor que o Governo quis ouvir sobre a recuperação da economia destacou ainda que é "fulcral" apostar em dois quadros conceptuais em simultâneo: a relação com o continente europeu, devido ao "confinamento territorial" a que o país está votado, e a relação com o mar, "pois sempre que Portugal virou as costas ao mar estagnou e definhou". Para aprofundar a relação terrestre, Costa Silva defendeu a importância do investimento na rede ferrovária, elétrica e integrada, "uma infraestrutura crucial para a conectividade do país". Nesse sentido, o consultor destacou a importância "por as cidades da fronteira a dialogar com o outro lado da península".O investimento nos portos marítimos foi outra das apostas que Costa Silva classificou como "fulcral" para "desenvolver a economia azul".
"Até hoje estabelecemos com o mar uma relação predatória, usamos o mar como a casa de banho do planeta. Não pode acontecer", realçou, defendendo que Portugal tem "todas as condições para estabelecer uma Universidade do Atlântico nos Açores, com um pólo na Madeira", um dos projetos defendidos no plano de 139 páginas, que estará em consulta pública até ao final de agosto.