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Competências políticas de Draghi transformam opositores em fãs

Em menos de uma semana, Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, conseguiu unir partidos beligerantes de todo o espetro político em Itália, impulsionar os mercados financeiros e projetar uma nova imagem para o país. Em muitos aspetos, supera o que seu antecessor demorou mais de dois anos a conseguir.

EPA
10 de Fevereiro de 2021 às 16:19
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Como? "É o Draghi", disse uma autoridade envolvida nas negociações, que pediu para não ser identificada. Ao que parece, o prestígio do ex-líder do BCE é tão grande que de repente todos querem apoiá-lo.

O histórico de Draghi na condução da política monetária e as suas competências como mediador ajudam a formar um raro consenso em Itália, com potenciais opositores a defenderem que agora é politicamente arriscado não oferecer apoio. Graças ao fundo de recuperação da União Europeia, Draghi também tem 209 mil milhões de euros para reverter a crise económica do país - e ele não pretende concorrer às eleições.

Essa também é uma receita atrativa para os mercados. As ações e títulos italianos subiram desde que Draghi aceitou o mandato para formar um novo governo. O spread da yield dos títulos a 10 anos de Itália em relação aos da Alemanha, uma medida-chave do risco soberano, caiu para menos de 100 pontos-base na semana passada, o nível mais baixo em cinco anos. Já o índice acionista de referência do país subiu 1,9%, para máximos de um ano logo na segunda-feira impulsionado pelos ganhos dos bancos, que são sensíveis ao spread.

"Tenho a certeza de que Draghi usará a sua experiência extraordinária e a sua forte liderança para fazer as coisas certas acontecerem", disse o comissário para a Economia da União Europeia, Paolo Gentiloni, em entrevista ao Financial Times. "Ele conhece muito bem todos os constrangimentos, as dificuldades, os desafios envolvidos em fazer as reformas acontecerem em Itália."

Draghi, de 73 anos, pode anunciar os seus principais ministros esta semana.

As apostas não podiam ser maiores para Itália. A pandemia de coronavírus fez com que a economia encolhesse cerca de 9% no ano passado e deixou mais de 90 mil mortos, enquanto a dívida do governo deve ascender a 160% do PIB. O programa de compra de títulos do BCE manteve os juros sob controlo até agora, mas há dúvidas sobre até quando isso pode ser sustentado.

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