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Forbes: Como "a menina do papá" fez fortuna

A fortuna da filha do Presidente de Angola poderá estar mais ligada aos feitos do pai do que aos seus. As conclusões são de uma investigação publicada na revista Forbes, que aponta para que Isabel dos Santos tenha beneficiado do poder de Eduardo dos Santos. A empresária já reagiu, rejeitando acusações de enriquecimento ilícito.

14 de Agosto de 2013 às 22:13
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A fortuna de Isabel dos Santos atingiu os 3 mil milhões de dólares em 10 anos, segundo uma estimativa da Revista Forbes. Num artigo intitulado “A menina do papá: como uma princesa africana encaixou 3 mil milhões num país que vive com dois dólares por dia”, a publicação conclui que a filha do Presidente de Angola tê-lo-á feito ficando “com uma parte de uma empresa que quer fazer negócios no país ou de uma assinatura presidencial”.

 

Isabel dos Santos está, na actualidade, envolvida em negócios de diamantes, cimento, telecomunicações e banca em Angola e em Portugal, relatam Kerry A. Dolan e Rafael Marques de Morais, jornalista e activista político angolano.

 

Apesar da empresária ter já recusado as acusações de enriquecimento ilícito, em comunicado à Forbes e à agência Lusa, a forma como criou a sua fortuna pessoal é interrogada por vários. O antigo primeiro-ministro angolano, Marcolino Moço afirmou à revista norte-americana que “não é possível justificar esta riqueza que é desavergonhadamente exibida”. E acrescenta: “não há dúvida que foi o pai que gerou essa fortuna”.

 

Depois de ter trocado Londres por Luanda, em 1992, o primeiro negócio conhecido de Isabel dos Santos foi o Miami Beach. Em 1997, e após alegados problemas com as autoridades, o proprietário do bar escolheu a filha do Presidente para a sócia. O investimento inicial de Isabel terá sido “irrisório”, segundo a Forbes, mas os problemas do negócio terão terminado.

 

À restauração seguiram-se os diamantes. Em 1999 a empresa pública Endiama estabeleceu uma parceria com negociantes do sector que levou à criação da Ascorp. O Governo ficou com 51% da companhia, os restantes empresários somaram 24,5%. Os restantes 24,5% couberam a Isabel dos Santos, através de uma empresa de investimento com sede em Gibraltar, TAIS. O controlo da TAIS está agora sob o domínio de uma cidadã britânica, a mãe de Isabel, explica a Forbes.

 

O mercado das telecomunicações terá sido o destino seguinte. José Eduardo dos Santos permitiu, em 1999, a criação de uma empresa privada no sector, desde que em parceria com o Estado. Surgiu a Unitel, onde Isabel dos Santos detém 25%. O montante investido pela empresária não é conhecido. Sabe-se, porém que já em 2000 a Portugal Telecom pagou 12,6 milhões de dólares por outros 25% da operadora privada angolana.

 

A operadora conta com 9 milhões de subscrições e a receita anual atingiu os 2 mil milhões de dólares, em 2012. A parte de Isabel dos Santos valerá, pelo menos, 1.000 milhões de dólares, conclui a Forbes com base em conversações com vários analistas que acompanham a Portugal Telecom.

 

Em 2005, Isabel dos Santos consegue um novo “patrono”, o multi-milionário português Américo Amorim. Com o líder da indústria corticeira em Portugal, a empresária entrou na banca, ao abrir o Banco Internacional de Crédito (BIC). Documentos citados pela revista norte-americana mostram que 25% da unidade bancária pertencem a um veículo de investimento controlado pela angolana. Os empréstimos concedidos pelo BIC ao Estado de Angola ascenderão aos 450 milhões de dólares.

 

Foi também com Américo Amorim que Isabel dos Santos contou para entrar no mercado petrolífero. A Amorim Energia detém 33,3% da petrolífera Galp Energia. Apesar de não existirem documentos que comprovem estas suspeitas, Isabel dos Santos e o marido, o também milionário Sindika Dokolo, controlarão a empresa suíça Exem Holding que, por sua vez controla parte da Amorim Energia. Assim, através da empresa Suíça, a empresária deterá 6,9% da Galp Energia.

 

As autoridades angolanas permitiram a entrada no país da Ciminvest que controla parte da Nova Cimangola, a única cimenteira do país. Américo Amorim detinha 30% da empresa que em 2009 "transferiu" sem divulgar para quem ou por que valor. Isabel dos Santos e o marido são apontados como os destinatários, embora não haja documentação disponível. Porém, Isabel dos Santos admite que faz parte do conselho de administração da Nova Cimangola, através da Ciminvest.

 

Num país, que registou um ritmo de crescimento de 11,6% do produto interno bruto (PIB) ao ano, que investe mais em segurança do que em educação ou saúde e onde muitos vivem com pouco, o Jornal de Angola apela a uma idolatração da “filha do papá”. Os autores acreditam que os angolanos deviam sentir-se envergonhados e não orgulhosos pelos feitos da primogénita de José Eduardo dos Santos.

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