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Bloomberg: Portugal pensa em grande com plano de gastos para manter o crescimento

O ministro português da Economia não quer que o seu país desacelere. Após um regresso impressionante de um resgate internacional, com seis anos seguidos de crescimento, o governante pede 14 mil milhões de dólares em gastos para manter a expansão em curso.

Lusa
19 de Fevereiro de 2020 às 12:32
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"O país está faminto por novos investimentos", disse Pedro Siza Vieira numa entrevista a 13 de fevereiro, e o governo planeia gastar cerca de 10 mil milhões de euros nos próximos quatro anos em projetos de infraestrutura, esperando-se que o setor privado também invista, garantindo dinheiro adicional.

Parte dos fundos do novo plano de investimentos, que prevê obras que incluem melhorias nas estradas, ferrovias e transporte público, virão da União Europeia, disse Siza Vieira no ministério da Economia, situado num palácio no centro de Lisboa.

Responsáveis do Banco Central Europeu apelaram aos governos que façam melhor uso dos fundos públicos para ajudar a estimular o crescimento. Isso sugere trabalhar no sentido de melhorar as condições no terreno, com o objetivo de atrair negócios.

Para Portugal, a infraestrutura de transporte pode ser um bom ponto de partida. Pode demorar 12 horas de comboio o percurso de 625 quilómetros entre Lisboa e Madrid, em comparação com pouco mais de duas horas entre Paris e Bordéus, uma distância um pouco mais curta.

Espera-se que investidores privados coloquem outros 3 mil milhões de euros no plano português, que também prevê um segundo aeroporto em Lisboa e a expansão do maior porto do país.

Melhores ligações terrestres, aéreas e marítimas com o resto do mundo permitirão que o país desempenhe um papel maior como ponto de entrada e saída de mercadorias de e para a UE, disse Siza Vieira, advogado e ex-gerente da Linklaters LLP.

Ligações melhoradas também podem convencer os investidores a transferirem a produção para Portugal, disse Siza Vieira. "É fundamental melhorarmos o fator mais decisivo da competitividade de Portugal, a nossa localização geográfica", afirmou. Portugal é a nação mais ocidental da Europa continental.

O governo também procura atrair fabricantes de automóveis que estejam a investir em veículos elétricos. A fábrica da Volkswagen AG na Autoeuropa, perto de Lisboa, tornou-se um dos maiores exportadores do país. "Estamos preocupados se este setor consegue fazer a transformação em direção aos veículos elétricos, que acreditamos ser o futuro da mobilidade", disse Siza Vieira, de 55 anos. "Existem planos para começar a produzir carros elétricos aqui", adiantou, sem dar detalhes.

Fuga de cérebros

Para Portugal, manter o ritmo implica um desafio único: construir infraestrutura moderna requer o tipo de trabalhadores qualificados que deixaram o país durante a crise económica e o resgate de 2011 a 2014.

O governo está a tentar convencer alguns deles a voltar, oferecendo reduções de impostos e dinheiro para a realocação. Cerca de 1.500 pessoas inscreveram-se no programa "Regressar" desde o início do ano passado, disse Siza Vieira. "A crise financeira praticamente destruiu esse setor", disse Siza Vieira, referindo-se à construção e engenharia. "Os nossos profissionais fugiram para qualquer outro lugar do mundo".

Enquanto a economia global enfrenta incertezas, Portugal deve continuar a crescer numa "base muito sólida", disse Siza Vieira, e tem como objetivo este ano registar o seu primeiro excedente orçamental em quatro décadas de democracia.

A economia portuguesa superou o crescimento da Zona Euro em 2019, ajudando o governo socialista minoritário do país a reduzir a taxa de desemprego e o défice orçamental. O Banco de Portugal prevê um crescimento lento de 1,7% este ano. O PIB cresceu 2% no ano passado, acima da previsão de 1,9% do governo, mas abaixo dos 2,4% de 2018, segundo o Instituto Nacional de Estatística.

Superar as estimativas

Questionado sobre se o crescimento em 2020 poderá superar as previsões do governo, Siza Vieira disse: "Superamos sempre as projeções".

Siza Vieira assegurou que o Brexit não teve impacto na economia portuguesa até agora, e os cidadãos do Reino Unido foram novamente o maior grupo de visitantes de Portugal no ano passado. "O maior excedente comercial que temos é com o Reino Unido", disse Siza Vieira. "Somos a favor de uma situação em que após o Brexit, após esse período de transição, as relações entre o Reino Unido e a UE permaneçam o mais próximas possível".

Além dos projetos de infraestrutura planeados, Portugal também pretende aumentar o investimento no serviço nacional de saúde, mantendo a disciplina orçamental e reduzindo o peso da dívida do país, o terceiro maior da área do euro, atrás da Grécia e de Itália.

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