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Biden quer taxar fugas acidentais de grandes dimensões em gasodutos nos EUA

Incidentes, como perfurações ou equipamentos defeituosos, libertaram 9,7 mil milhões de metros cúbicos de gás na atmosfera nos últimos quatro anos. Estes valores são uma ameaça climática que não faz parte dos números oficiais de emissões de gases com efeito de estufa do país.

Com a crise energética causada pela invasão da Rússia à Ucrânia, as estratégias climáticas das empresas tornam-se mais desafiantes. Será um foco dos investidores no próximo ano.
Lisi Niesner/Reuters
08 de Março de 2024 às 18:15
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A escala da emissão de gases com efeito de estufa é uma das – se não a maior – preocupação e causa das alterações climáticas. O que estes valores ainda não consideram oficialmente são as fugas de CO2 em gasodutos provocadas de forma acidental, um acontecimento que parece ser regular nos Estados Unidos, de acordo com um levantamento feito pela Reuters.

 

Este tipo de vazamentos, provocados por perfurações, corrosões, equipamentos com defeitos ou condições climáticas desfavoráveis, libertaram de forma involuntária cerca de 9,7 mil milhões de metros cúbicos de gás na atmosfera entre 2019 e 2023 (inclusive) – para o ambiente, é o equivalente a operar a carvão quatro centrais elétricas de tamanho médio durante um ano.

 

O estudo da Reuters, segundo dados de incidentes analisados pela Administração de Segurança de Oleodutos e Materiais Perigosos dos EUA (PHMSA), revela que a não inscrição deste gigante valor se deve ao facto de as "regras federais isentarem grandes e inesperadas fugas e, principalmente, apenas capturarem emissões de operações regulares", segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) do país.

 

Se ganhar as eleições do novembro, a administração de Joe Biden diz querer mudar as regras em 2025, segundo aconselhamento da EPA. O atual presidente quer reduzir as emissões no setor petrolífero e de gás e taxar os "culpados" quando o limite for ultrapassado - de 900 a 1.500 dólares (823 a 1.372 euros) por tonelada métrica.

 

As novas políticas iriam proibir a queima regular de gás natural produzido por poços recentemente perfurados, assim como exigir às empresas a monitorização destas fugas. Além disso, "estabeleceriam um programa para utilizar a deteção remota de terceiros para detetar grandes libertações de metano", segundo a mesma agência de notícias.

 

"De acordo com a proposta, as empresas serão obrigadas a comunicar fugas anormais de cerca de 500 mil metros cúbicos de gás ou mais a partir do próximo ano, um limite significativamente inferior ao exigido pela PHMSA", fundamentaram, acrescentando que as novas regras também integrariam operações de perfuração, por exemplo.

 

Entre 2018 e 2022, os incidentes nos cinco maiores oleodutos norte-americanos poderiam ter arrecadado quase 37 milhões de euros com a taxa agora proposta, assim como fazer escalar os números oficiais de gases com efeito de estufa na atmosfera.

 

As organizações sem fins lucrativos e ambientalistas aumentam os alertas direcionados aos decisores políticos para a discrepância entre a realidade e os valores registados de metano perdido, assim como os riscos que essa fuga acidental "subestimada" traz para o planeta.

 

O Fundo de Defesa Ambiental estimou que, no último ano, os gasodutos dos EUA vazaram entre 1,2 milhões e 2,6 milhões de toneladas de metano.

 

Além de problemas relacionados com sistemas de segurança, os grupos inseridos no setor alertam que "a maioria das instalações de transmissão e armazenamento podem não cumprir o limite de emissões de 25 mil toneladas métricas de equivalente de dióxido de carbono por ano exigido para pagar a taxa de metano".

A indústria de gasodutos considera ainda que as novas regras de comunicação que poderiam levar à dupla contagem em alguns casos.  

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