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Biden avisa que EUA vão entrar num “inverno escuro” por causa da pandemia
O candidato presidencial democrata, Joe Biden, avisou que os Estados Unidos vão entrar num "inverno escuro" por causa da pandemia de covid-19, durante o último debate com o Presidente, Donald Trump.
"Estamos prestes a entrar num inverno escuro e ele não tem um plano claro", disse o democrata, no debate que decorreu esta madrugada em Nashville, Tennessee.
"Não há perspetiva de que uma vacina estará disponível para a maioria do povo americano antes de meados do próximo ano", afirmou.
A covid-19 foi o primeiro tema da noite moderada pela jornalista da NBC News Kristen Welker, que Donald Trump tinha chamado de "democrata radical de esquerda" antes do debate.
"Duzentos e vinte mil americanos mortos", afirmou Biden. "Qualquer pessoa que é responsável por tantas mortes não deve continuar a ser Presidente", disse, referindo que o país está a lidar com 70 mil doentes por dia.
O Presidente, que foi hospitalizado no início de outubro por covid-19, defendeu a resposta da administração e enquadrou a crise como "uma pandemia mundial", apontando que a Europa está com um grande aumento de casos de infeção.
"Estamos a lutar em força", disse Donald Trump. "Temos uma vacina a chegar, está pronta e será anunciada dentro de semanas", afirmou. Questionado pela moderadora, o Presidente escusou-se a dar pormenores sobre qual o laboratório que produzirá essa vacina, nem a garantir que será mesmo lançada em breve.
O que o Presidente assegurou é que a pandemia "está a ir-se embora", algo que Joe Biden criticou, apontando que Trump "ainda não tem um plano compreensivo" e que a sua previsão para a vacina não é suportada pelas indicações dos cientistas.
"Aprender a viver com isto? Por favor. As pessoas estão a aprender a morrer com isto", disse Joe Biden, atacando o Presidente pelo que considerou ser a falta de ação e a ausência de medidas que permitam às empresas e escolas "reabrirem em segurança".
Donald Trump, por seu lado, apontou que Joe Biden foi responsável pela resposta dos Estados Unidos à pandemia de H1N1 em 2009 e esta foi "um desastre total", que não originou grande mortalidade porque a doença era "menos letal".
"Não nos podemos fechar na cave", disse Trump, indicando que se Joe Biden for eleito vai "encerrar" o país todo. "A cura não pode ser pior que o problema em si", afirmou, dizendo que Nova Iorque é uma cidade fantasma e criticando a resposta dos estados democratas que ordenaram confinamento.
"Não tenho culpa de que isto tenha chegado cá, a culpa é da China", afirmou o Presidente, que disse estar recuperado de covid-19 e que aprendeu "bastante" depois de ter contraído a doença.
Depois de um primeiro debate muito conflituoso a 29 de setembro, a Comissão de Debates Presidenciais modificou as regras para cortar o microfone ao oponente quando um dos candidatos respondia às questões.
Apesar de algumas trocas na contra-argumentação, o debate desta madrugada teve poucas interrupções e foi considerado pelos comentadores como mais aproximado dos debates políticos tradicionais nos Estados Unidos.
Outros temas em destaque foram a economia, tensões raciais e política internacional, com os dois candidatos a acusarem-se mutuamente de ligações inapropriadas com a China e a Rússia.
Joe Biden chegou ao palco da Universidade Belmont, onde decorreu o debate, com uma vantagem de cerca de 10 pontos na média das sondagens nacionais, segundo a plataforma FiveThirtyEight. O democrata tem 52,1% das intenções de voto, contra 42,2% de Donald Trump. A eleição é a 03 de novembro.