Os bancos centrais dos Estados Unidos, Europa e Ásia devem continuar a política de subida de juros, já que o crescimento global pode dinamizar a inflação, afirma o Bank for International Settlements no seu relatório anual.

O Bank for International Settlements (BIS), que promove a colaboração entre os vários bancos centrais e que coordena as operações financeiras internacionais, considera que o mais provável é que o crescimento da inflação se continue a registar no próximo ano, pelo que os bancos centrais terão de actuar em conformidade.

«A melhor aposta para o próximo ano vai no sentido de que o crescimento continuará a ser forte e não-inflacionista». «Contudo», prossegue o BIP no seu relatório,«há ainda incertezas consideráveis e riscos, muitas deles relacionados com as pressões inflacionistas. O caminho apropriado para a política monetária global nas circunstâncias actuais é de contracção», refere o relatório anual da instituição, publicado hoje.

O banco diz no entanto que não será fácil escolher as condições desse processo de contracção, embora todos os indicadores apontem para a necessidade de subir os juros.

«Os indicadores indicam riscos de subida de inflação derivados de uma maior utilização dos recursos. Muito dependerá das empresas conseguirem conquistar a capacidade de controlar os preços e de saber se os salários se manterão controlados», refere o BIS.

A evolução da economia chinesa é também motivo de atenção por parte do BIS, que apela neste relatório a uma maior flexibilização da moeda da China e de outros países asiáticos. «Uma maior liberdade das moedas permitiria uma margem mais alargada para a contracção monetária. Isto seria bem-vindo tendo em conta as preocupações de sobreaquecimento da economia chinesa», diz o relatório.

A recomendação do BIP surge um dia depois de o director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, ter afirmado que a manutenção das taxas de juro em níveis relativamente baixos será «provavelmente mais perigoso» para o crescimento económico.

Na Zona Euro, as taxas de juro de referência estão actualmente fixadas em 2,75%, após três subidas desde Dezembro. Nos Estados Unidos, a expectativa é de que esta quinta-feira os juros voltem a subir, pelo 17º mês consecutivo, para 5,25%. Já o Banco do Japão tem redobrado os sinais de que  se prepara para abandonar a sua política de taxa zero, possivelmente já em Julho.