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Austeridade e degradação da classe média vão aumentar economia paralela

O presidente do Observatório de Economia e Gestão de Fraude considera que a política de austeridade, a degradação da classe média e o agravamento das desigualdades sociais vão aumentar as fraudes e a economia paralela.

05 de Fevereiro de 2012 às 16:31
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A situação que o país atravessa deverá ainda "aumentar a economia ilegal e a criminalidade em geral", disse Carlos Pimenta à Agência Lusa. Para este especialista, Portugal é um país de "reduzida vulnerabilidade" à fraude, em comparação com todos os países do mundo, mas de elevada vulnerabilidade no conjunto europeu".

"O novo-riquismo que se apossou das populações urbanas portuguesas e a ideia de que somos um país de brandos costumes, uma legislação pouco inteligível e o mau funcionamento do sistema de justiça, a posição geográfica do país e as grandes desigualdades económicas e sociais -- maiores que em muitos outros países da Europa -- o próprio ambiente favorável à fraude discal podem fazer parte da lista dos factores que conduzem à posição mais desfavorável no contexto europeu", disse.

Defendendo que "não há fraude, mas sim vários tipos de fraude", Carlos Pimenta afirmou que "a falta de confiança entre os cidadãos e o Estado, e a promiscuidade entre cargos empresariais e públicos de uma reduzida elite política e económica facilita e estimula a fraude fiscal".

Questionado sobre os sectores da sociedade portuguesa mais atingidos pela fraude, Carlos Pimenta reconheceu à Lusa a falta de elementos para uma resposta concreta.

"Certamente que há branqueamento de capital no futebol, que a fraude urbanística rende milhões, que a fraude fiscal é praticada por quase todos os 'senhores do poder económico', que a corrupção se alastra nos meios políticos com grande impunidade, que os sectores financeiros são particularmente propensos à fraude e aos negócios inadequados, mas também há outros espaços de fraude que não conseguimos hoje enunciar porque não temos informação", adiantou.

Para Carlos Pimenta, "o Estado tem sempre possibilidade de combater a fraude, pelo exemplo ético e mobilização social, pelo respeito pelas liberdades e existência de uma informação independente e de investigação, pela legislação que gera ou não gera, pela eficácia da regulação e repressão, pelos meios financeiros e humanos disponibilizados para o combate à fraude", entre outros.
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