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Augusto Mateus: Principal problema de competitividade em Portugal não é salarial
O antigo ministro da Economia Augusto Mateus afirmou na quinta-feira que o principal problema de competitividade da economia portuguesa não se encontra nos salários, mas sim na criação de valor e na posição do país em termos globais.
O também professor universitário, que falava na Católica Porto Business School durante a apresentação da nota temática "O campeonato da competitividade: O caso de Portugal", referiu que o nível salarial português, nas empresas na indústria dos serviços com mais de 10 trabalhadores, é 55% do nível médio da União Europeia, enquanto em Espanha e Grécia é de 85 e 83%.
"Seguramente que o nosso problema principal em matéria de competitividade não será a dimensão dos salários. O nosso problema principal situa-se muito mais no processo de criação de valor e nas posições que ocupamos nas cadeias de valor globalizadas", afirmou Augusto Mateus.
Para o presidente da Augusto Mateus & Associados, empresa que colaborou com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) na elaboração da nota divulgada no mês passado, a afectação de fundos estruturais em termos europeus e nacionais, de sete em sete anos, gera um "paradoxo", levando a concluir que "as coisas não correm tão bem" como o esperado. "Vale a pena interrogarmo-nos se temos as respostas ao nível da gestão empresarial, ao nível da política pública, suficientes para podermos enfrentar esses paradoxos", acrescentou.
Portugal ficou em penúltimo lugar, empatado com Itália e Espanha e à frente da Grécia, num 'ranking' de competitividade que compara oito economias europeias.
Na nota temática da CGD, o autor Rui Moreira de Carvalho colocou o país face a Espanha, Itália, Grécia, Hungria, Eslováquia, República Checa e Polónia, constatando que "as economias do alargamento da União Europeia de 2004 surgem mais bem posicionadas do que as parceiras do sul europeu".
No que diz respeito ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o estudo realça que o contributo da procura interna "tem sido mais intenso na Polónia, sendo mesmo o único dos oito países que contou com a procura interna para crescer em 2012. Inversamente, é em Portugal e na Grécia que a procura interna mais tem contribuído para a contracção da economia no conjunto da UE27".