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Atividade económica na Zona Euro cresce pela primeira vez em seis meses com disparo inédito da produção industrial
A atividade económica da Zona Euro cresceu mais do que o esperado em março, com a produção industrial a registar o maior aumento de que há registos.
A atividade económica na Zona Euro regressou ao crescimento em março, pela primeira vez em seis meses, impulsionada por uma subida recorde da produção industrial.
Segundo os dados revelados esta quarta-feira, 24 de março, pela Markit Economics, o PMI compósito da Zona Euro – que mede a atividade da indústria e dos serviços, com base em inquéritos a cerca de 5 mil empresas da região – subiu de 48,8 pontos em fevereiro para 52,5 pontos, em março, um máximo de 8 meses.
Esta leitura acima dos 50 pontos aponta para um crescimento da atividade (a barreira dos 50 pontos divide a contração da expansão), o que já não acontecia desde setembro do ano passado. Esta é não só a expansão mais acentuada desde julho como a segunda maior dos últimos 28 meses.
No entanto, é possível identificar grandes divergências entre os setores, que não estão a evoluir no mesmo sentido. Enquanto os serviços continuam a ser fortemente penalizados pelas medidas impostas para travar a pandemia, seguindo em contração, a indústria registou o crescimento mais elevado desde que há registos.
Apesar de se manter "no vermelho", o setor dos serviços moderou o ritmo de contração, com o PMI a subir de 45,7 pontos em fevereiro para 48,8 pontos em março; já o PMI da indústria subiu de 57,6 pontos em fevereiro para 63 pontos em março, o nível mais alto desde que os registos se iniciaram em junho de 1997.
"Esta natureza de duas velocidades da economia deverá persistir por algum tempo, com os fabricantes a beneficiarem de uma recuperação na procura global, enquanto as empresas de serviços voltadas para o consumidor continuam restringidas por regras de distanciamento social", antecipa Chris Williamson, economista-chefe da Markit Economics.
A forte recuperação da indústria foi liderada por um aumento recorde da produção das fábricas na Alemanha, acompanhado pelo crescimento mais rápido da produção desde janeiro de 2018 em França e no resto da região como um todo.
A Alemanha também se destacou ao nível dos serviços, registando a primeira expansão da atividade em seis meses, enquanto França e o resto da Zona Euro registaram taxas de contração moderadas.
O relatório da Markit Economics dá conta ainda de que as contratações aumentaram em março, assim como os custos das empresas, que subiram ao ritmo mais acelerado em dez anos, impulsionando os preços cobrados por bens e serviços. Os preços das mercadorias aumentaram de forma especialmente acentuada, depois de também os fornecedores terem subido os seus preços devido aos atrasos na cadeia de fornecimentos e ao agravamento da escassez.
Um movimento que, segundo a Markit Economics, terá reflexos na inflação nos próximos meses.
"O aumento na procura por produtos manufaturados está a ‘esticar’ as cadeias de abastecimento a um nível sem precedentes, elevando os custos. Essas pressões deverão refletir-se numa subida mais acentuadas dos preços no consumidor nos próximos meses", admite Chris Williamson.