Notícia
Venda de livros em Portugal aumenta 5% no ano passado depois de crescer 15% em 2022
Para o presidente da APEL, Pedro Sobral, este é ainda um "crescimento razoável".
24 de Janeiro de 2024 às 14:31
A venda de livros em Portugal cresceu em valor 5% em 2023, face a 2022, impulsionada sobretudo pelas faixas etárias mais novas e pelas redes sociais, mantendo uma tendência de crescimento registada nos dois anos anteriores, embora menos acentuada.
A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) divulgou esta quarta-feira os principais dados do estudo conduzido pela Gfk, entidade independente que faz auditoria e contagem das vendas de livros ao longo do ano, sobre o mercado livreiro nacional.
Este crescimento de 5% do mercado livreiro indica a continuação da tendência de crescimento registada em 2022 (15%) e 2021 (16%), embora de forma menos expressiva, num "sinal claramente positivo para o setor", que aponta para uma "resiliência" do mercado em época de retração económica.
Para o presidente da APEL, Pedro Sobral, este é ainda um "crescimento razoável", porque quando se olha para o mercado antes da pandemia verifica-se que, por exemplo, em 2013/2014, o setor registava "um crescimento à volta de 1%, um mercado estável, quase estagnado, até porque, acima de tudo, até 2019, o livro era mais comprado para oferta do que para leitura".
"Depois do confinamento há uma alteração de paradigma e isso acabou por se demonstrar, quer em 2021, quer em 2022, com um crescimento para dois dígitos, e que ainda transparece em 2023. Isto é, estes 5% de crescimento em valor - mesmo descontando a inflação, porque o crescimento dos preços efetuado pelos editores foi muito abaixo da taxa de inflação de 2023 -, indiciam que continuamos a fazer um caminho interessante e que a compra de livros é cada vez mais feita para consumo próprio do que para oferta", sublinhou.
Questionado sobre como explica, ainda assim, esta queda de 15% para 5%, Pedro Sobral justificou com as "variáveis macro": Em 2020 o mercado do livro perdeu cerca de 17%; em 2021 teve uma subida abrupta em que "praticamente recupera o que tinha perdido em 2020"; em 2022 o país viveu um "período franco de algum crescimento económico, essencialmente através do Índice de consumo privado, que também verteu para os livros".
"2023 já não foi assim, as condições macro apertaram muito o rendimento disponível familiar, nomeadamente por causa do disparo das taxas de juro e da inflação", pelo que estes 5% são sinal de "alguma resiliência".
Na semana passada, a APEL revelou -- citando igualmente dados da Gfk - que em 2023 se venderam 13,1 milhões de livros em Portugal, com um encaixe de 187,2 milhões de euros, o que significava um aumento de 7% face a 2022.
Os dados hoje indicados revelam uma "análise mais fina", que tem apenas em conta o mercado de livros em português, apenas de edições gerais e vendidos pelos retalhistas com lojas, explicou o presidente da APEL.
Segundo o responsável, os dados por atacado, que se traduzem no aumento de 7%, incluem a Livraria Lello, que "vende bilhetes que são convertidos em livros", os livros importados, as campanhas (números genéricos utilizados na grande distribuição para venda de saldos e a categoria de livros ligados ao apoio escolar.
De acordo com o levantamento hoje apresentado, este contínuo crescimento do mercado livreiro advém do aumento de livros comprados nas categorias com maior peso no mercado, nomeadamente a categoria de ficção, que cresceu 9% face a 2022, e a categoria de ficção infantojuvenil, que cresceu também 9%.
Segue-se a categoria de não-ficção, principalmente livros de turismo, com um crescimento de 8%, e das áreas de vida prática, lazer e atualidades, com um crescimento de 4%.
Uma análise feita pela APEL permitiu constatar "que o mercado continua a crescer pela compra efetuada nas faixas etárias mais novas, nomeadamente na categoria de ficção, onde os livros que mais venderam são quase todos fenómenos alavancados nas e pelas redes sociais como, por exemplo, o TikTok".
No entanto, a APEL salvaguarda que não teve acesso a dados de venda em portais 'e-commerce' e outras redes de venda, como redes sociais ou clubes de leitura, por exemplo.
O crescimento nas faixas etárias mais jovens deve-se também às vendas na categoria de BD/Manga que, apesar de um peso pequeno no mercado, passou de um valor de cerca de 2% em 2019 para 5% em 2023.
No caso da categoria do livro infantil o crescimento foi de 15%, o que se deve a uma "tendência notória" de "maior preocupação dos pais, cuidadores e educadores em comprar livros como parte integrante do processo de crescimento e de educação e formação da criança".
"Estes dados permitem-nos inferir qualitativamente que estão a ser formadas novas gerações de leitores e de compradores de livros para consumo próprio. Prevê-se que o mercado continue a apresentar uma taxa de crescimento positivo fruto desta nova vaga de leitores", afirmou Pedro Sobral.
A APEL destaca ainda o crescimento do canal de livrarias face ao canal de grande distribuição, que vem confirmar uma perda contínua de valor ao longo dos anos.
"Registaram-se, de facto, maiores vendas no canal livreiro face à grande distribuição, local de excelência do livro e para quem tem o hábito regular da leitura e da compra de livros", refere o responsável.
Para a APEL, esta é a "altura ideal para resolver as fragilidades que ainda imperam no setor", quer através do cheque-livro, quer pela "reforma da Lei do Preço Fixo para potenciar esta preferência pelas livrarias, possibilitando a sobrevivência de mais livrarias pelo país e de mais projetos livreiros capazes de minorar a dificuldade de acesso ao livro em muitas zonas do país".
Outra questão que a APEL considera imperativa é a "existência de orçamentos capazes e robustos para aquisição de livros quer para as bibliotecas municipais e locais, como para as bibliotecas escolares".
A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) divulgou esta quarta-feira os principais dados do estudo conduzido pela Gfk, entidade independente que faz auditoria e contagem das vendas de livros ao longo do ano, sobre o mercado livreiro nacional.
Para o presidente da APEL, Pedro Sobral, este é ainda um "crescimento razoável", porque quando se olha para o mercado antes da pandemia verifica-se que, por exemplo, em 2013/2014, o setor registava "um crescimento à volta de 1%, um mercado estável, quase estagnado, até porque, acima de tudo, até 2019, o livro era mais comprado para oferta do que para leitura".
"Depois do confinamento há uma alteração de paradigma e isso acabou por se demonstrar, quer em 2021, quer em 2022, com um crescimento para dois dígitos, e que ainda transparece em 2023. Isto é, estes 5% de crescimento em valor - mesmo descontando a inflação, porque o crescimento dos preços efetuado pelos editores foi muito abaixo da taxa de inflação de 2023 -, indiciam que continuamos a fazer um caminho interessante e que a compra de livros é cada vez mais feita para consumo próprio do que para oferta", sublinhou.
Questionado sobre como explica, ainda assim, esta queda de 15% para 5%, Pedro Sobral justificou com as "variáveis macro": Em 2020 o mercado do livro perdeu cerca de 17%; em 2021 teve uma subida abrupta em que "praticamente recupera o que tinha perdido em 2020"; em 2022 o país viveu um "período franco de algum crescimento económico, essencialmente através do Índice de consumo privado, que também verteu para os livros".
"2023 já não foi assim, as condições macro apertaram muito o rendimento disponível familiar, nomeadamente por causa do disparo das taxas de juro e da inflação", pelo que estes 5% são sinal de "alguma resiliência".
Na semana passada, a APEL revelou -- citando igualmente dados da Gfk - que em 2023 se venderam 13,1 milhões de livros em Portugal, com um encaixe de 187,2 milhões de euros, o que significava um aumento de 7% face a 2022.
Os dados hoje indicados revelam uma "análise mais fina", que tem apenas em conta o mercado de livros em português, apenas de edições gerais e vendidos pelos retalhistas com lojas, explicou o presidente da APEL.
Segundo o responsável, os dados por atacado, que se traduzem no aumento de 7%, incluem a Livraria Lello, que "vende bilhetes que são convertidos em livros", os livros importados, as campanhas (números genéricos utilizados na grande distribuição para venda de saldos e a categoria de livros ligados ao apoio escolar.
De acordo com o levantamento hoje apresentado, este contínuo crescimento do mercado livreiro advém do aumento de livros comprados nas categorias com maior peso no mercado, nomeadamente a categoria de ficção, que cresceu 9% face a 2022, e a categoria de ficção infantojuvenil, que cresceu também 9%.
Segue-se a categoria de não-ficção, principalmente livros de turismo, com um crescimento de 8%, e das áreas de vida prática, lazer e atualidades, com um crescimento de 4%.
Uma análise feita pela APEL permitiu constatar "que o mercado continua a crescer pela compra efetuada nas faixas etárias mais novas, nomeadamente na categoria de ficção, onde os livros que mais venderam são quase todos fenómenos alavancados nas e pelas redes sociais como, por exemplo, o TikTok".
No entanto, a APEL salvaguarda que não teve acesso a dados de venda em portais 'e-commerce' e outras redes de venda, como redes sociais ou clubes de leitura, por exemplo.
O crescimento nas faixas etárias mais jovens deve-se também às vendas na categoria de BD/Manga que, apesar de um peso pequeno no mercado, passou de um valor de cerca de 2% em 2019 para 5% em 2023.
No caso da categoria do livro infantil o crescimento foi de 15%, o que se deve a uma "tendência notória" de "maior preocupação dos pais, cuidadores e educadores em comprar livros como parte integrante do processo de crescimento e de educação e formação da criança".
"Estes dados permitem-nos inferir qualitativamente que estão a ser formadas novas gerações de leitores e de compradores de livros para consumo próprio. Prevê-se que o mercado continue a apresentar uma taxa de crescimento positivo fruto desta nova vaga de leitores", afirmou Pedro Sobral.
A APEL destaca ainda o crescimento do canal de livrarias face ao canal de grande distribuição, que vem confirmar uma perda contínua de valor ao longo dos anos.
"Registaram-se, de facto, maiores vendas no canal livreiro face à grande distribuição, local de excelência do livro e para quem tem o hábito regular da leitura e da compra de livros", refere o responsável.
Para a APEL, esta é a "altura ideal para resolver as fragilidades que ainda imperam no setor", quer através do cheque-livro, quer pela "reforma da Lei do Preço Fixo para potenciar esta preferência pelas livrarias, possibilitando a sobrevivência de mais livrarias pelo país e de mais projetos livreiros capazes de minorar a dificuldade de acesso ao livro em muitas zonas do país".
Outra questão que a APEL considera imperativa é a "existência de orçamentos capazes e robustos para aquisição de livros quer para as bibliotecas municipais e locais, como para as bibliotecas escolares".