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Quem paga o Prémio Camões?

Manuel Alegre foi distinguido com o prémio mais importante da literatura em língua portuguesa. O valor do prémio foi variando ao longo do tempo, mas há 16 anos que vale o dobro do que quando foi lançado.

O político e poeta Manuel Alegre evocou Mário Soares como um combatente antifascista que cedo teve a visão que era preciso criar um partido que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos. Manuel Alegre, em entrevista à RTP, considerou ainda que a morte de Mário Soares significa um luto não só para si, para os filhos, a família e amigos, mas também para o país, do qual foi primeiro-ministro e Presidente da República. Manuel Alegre alertou para as 'tentações revisionistas' sobre a biografia de Mário Soares, lembrando que o antigo líder do PS começou por ser opositor ao regime de Salazar, como militante do PCP, tendo depois entendido que era necessário um partido que juntasse os socialistas e que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos. Tudo isto numa altura em que a 'grande força da resistência (antifascista) era o PCP', observou Manuel Alegre, revelando que conheceu Mário Soares em Paris, numa visita realizada com Piteira Santos. Já na fase do pós-25 de Abril, Alegre recordou Mário Soares como alguém que se opôs à instauração de uma democracia popular, apoiada pelo PCP e inspirada nos países de Leste. Manuel Alegre descreveu ainda Soares como um 'homem de fibra, optimista e voluntarioso', que acreditava sempre na vitória, mesmo quando as sondagens eleitorais estavam muito baixas.
'Era um optimista e tinha uma grande alegria', relatou Manuel Alegre, confidenciando que Soares gostava de literatura e de pintura e era amigo de 'muitos escritores e poetas'. No plano das confidências pessoais, revelou também que Soares 'não gostava de almoçar sozinho', razão pela qual almoçava e jantava frequentemente com os amigos e camaradas dom PS. Alegre falou ainda do papel de Mário Soares na Europa e na Internacional Socialista e dos seus amigos Willy Brandt, Olof Palme e Miterrand.
Manuel Alegre vai receber 100 mil euros por ter recebido o Prémio Camões de 2017. Miguel Baltazar
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O Prémio Camões, que foi atribuído esta quinta-feira ao poeta Manuel Alegre, custa aos cofres públicos 50 mil euros. Mas o autor distinguido com o mais importante prémio de literatura em língua portuguesa recebe o dobro. A outra metade é suportada pelo governo brasileiro. É assim desde 2001.

Segundo explicou ao Negócios fonte oficial do Ministério da Cultura, até 1999 este Prémio era de 10 milhões de escudos (o equivalente a 50 mil euros). Os valores do prémio ainda estão em escudos e naquele ano correspondia a metade dos valores actuais.


Naquele ano, era Manuel Maria Carrilho ministro da Cultura, o valor do Prémio aumentou para 60 mil euros (então 12 milhões de escudos). Em 2001, aquando da quinta cimeira luso brasileira o montante atribuído no Prémio Camões voltou a ser reforçado. O prémio subiu para 100 mil euros (20 milhões de escudos), duplicando o valor com que tinha arrancado. O montante do Prémio está há 16 anos sem mexer.   


O Ministério da Cultura explicou que, independentemente do valor, o prémio sempre foi suportado em montantes iguais pelos dois países e que, no caso português, é o Orçamento do Estado quem financia aquele que é considerado o prémio mais importante da literatura a distinguir um autor de língua portuguesa pelo conjunto da obra.


O Prémio Camões foi criado em 1988, aquando da assinatura do Protocolo Adicional ao Acordo Cultural entre o Governo de Portugal e o Governo do Brasil e tem como objectivo
prestar homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento da língua portuguesa.

 

A atribuição do Prémio Camões de 2017 a Manuel Alegre foi anunciada pelo Ministério da Cultura a 8 de Junho. Entre as obras de Alegre destacam-se as colectâneas Poemas Livres (1963-1965) e os dois volumes de poemas, Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967), que deram ao autor notoriedade por terem sido apreendidos pelas autoridades antes do 25 de Abril, mas com grande circulação nos meios intelectuais. Alegre estreou-se na ficção com Jornada de África, em 1989 e tem uma vasta obra traduzida e publicada em diversos países.


Na quinta-feira, quando soube da atribuição do Prémio, o histórico dirigente socialista disse ao Diário de Notícias receber a distinção "com alegria mas também com serenidade". "Não estava à espera nem sabia que o júri estava reunido", afirmou ainda. "É natural que me atribuam este prémio. Até podia ter sido mais cedo", declarou, mostrando-se ainda "muito honrado" com a decisão do júri.

 
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