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Os prós e contras de roubar obras de arte

Fácil roubar, difícil vender.

EPA
30 de Junho de 2018 às 20:00
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Há uns dias, uma gravura de Banksy avaliada em cerca de 40 mil dólares foi roubada de uma exposição com obras do artista. O crime aparentemente não exigiu nenhum esforço - um homem entrou, tirou a obra da parede e saiu a andar -, mas a maioria dos roubos de obras de arte é fácil. O trabalho pesado vem depois.

 

"A principal regra é que não é muito difícil roubar obras de arte, mesmo de museus, mas é quase impossível transformar essa obra de arte em dinheiro", explica Noah Charney, um investigador e escritor que publicou vários livros sobre roubos de obras de arte. Pinturas podem ser rapidamente retiradas da moldura, e pequenas esculturas podem ser colocadas em bolsas - até mesmo jóias podem ser escondidas -, mas muitas vezes é impossível encontrar um comprador para obras de arte ou diamantes.

 

"Os criminosos não entendem isto, porque o conhecimento deles sobre roubos de obras de arte baseia-se na ficção e em filmes", salienta Charney.

 

Há excepções, é claro, incluindo um roubo muito conhecido, ocorrido em Março de 2017, em que quatro homens de uma família criminosa árabe-curda na Alemanha invadiram o Museu Bode, em Berlim, e roubaram uma moeda de ouro de 100 quilos feita pela Casa da Moeda canadiana. Usando exames de ADN, a polícia alemã conseguiu localizar e prender os homens em menos de quatro meses (um deles tinha trabalhado como segurança no museu), mas a moeda já tinha desaparecido há algum tempo.

 

O roubo foi notável, não apenas porque os criminosos foram apanhados - uma raridade em si -, mas porque supostamente conseguiram vender o que roubaram por uma quantia significativa de dinheiro.

 

Se os ladrões de obras de arte soubessem da verdadeira dificuldade de vender o que roubaram, diz Charney, certamente haveria muito menos roubos de obras de arte.

 

A boa notícia (se for um ladrão)

"Somos muito maus a apanhar ladrões de obras de arte", revela Charney. "Temos uma taxa de recuperação e acusação penal muito baixa: em cerca de 1,5% dos casos de roubos a obra de arte é recuperada, e o criminoso, processado."

 

Então, se um ladrão tiver um comprador à espera ou simplesmente quiser uma pintura ou uma obra de arte para si, tem uma boa probabilidade de se sair bem. Acresce a isto o prestígio de ser um ladrão no mundo da arte ("A arte sempre foi associada à elite social, por isso tem a ver com a ambição", explica Charney), e roubar obras de arte parece ser um bom negócio.

 

A má notícia

Se não tiver um comprador antes de roubar a obra, terá em problemas.

 

"As pessoas presumem que encontrarão coleccionadores de arte criminosos", diz Charney, "quando na verdade temos muito poucos exemplos históricos - talvez uns 10 ou 20 que se encaixam nesse perfil." Lembre-se que são roubadas muitas centenas de obras de arte todos os anos. É desnecessário dizer que as probabilidades são más.

 

A pior notícia

"Quando uma pessoa não encontra estes compradores criminosos, acaba a oferecer o material roubado a pessoas que parecem ser os criminosos que ela esperava encontrar", diz Charney. "E essas pessoas acabam sempre por ser policiais disfarçados."

(Texto original: The Pros and Cons of Stealing Fine Art)

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