Notícia
Os prós e contras de roubar obras de arte
Fácil roubar, difícil vender.
Há uns dias, uma gravura de Banksy avaliada em cerca de 40 mil dólares foi roubada de uma exposição com obras do artista. O crime aparentemente não exigiu nenhum esforço - um homem entrou, tirou a obra da parede e saiu a andar -, mas a maioria dos roubos de obras de arte é fácil. O trabalho pesado vem depois.
"A principal regra é que não é muito difícil roubar obras de arte, mesmo de museus, mas é quase impossível transformar essa obra de arte em dinheiro", explica Noah Charney, um investigador e escritor que publicou vários livros sobre roubos de obras de arte. Pinturas podem ser rapidamente retiradas da moldura, e pequenas esculturas podem ser colocadas em bolsas - até mesmo jóias podem ser escondidas -, mas muitas vezes é impossível encontrar um comprador para obras de arte ou diamantes.
"Os criminosos não entendem isto, porque o conhecimento deles sobre roubos de obras de arte baseia-se na ficção e em filmes", salienta Charney.
Há excepções, é claro, incluindo um roubo muito conhecido, ocorrido em Março de 2017, em que quatro homens de uma família criminosa árabe-curda na Alemanha invadiram o Museu Bode, em Berlim, e roubaram uma moeda de ouro de 100 quilos feita pela Casa da Moeda canadiana. Usando exames de ADN, a polícia alemã conseguiu localizar e prender os homens em menos de quatro meses (um deles tinha trabalhado como segurança no museu), mas a moeda já tinha desaparecido há algum tempo.
O roubo foi notável, não apenas porque os criminosos foram apanhados - uma raridade em si -, mas porque supostamente conseguiram vender o que roubaram por uma quantia significativa de dinheiro.
Se os ladrões de obras de arte soubessem da verdadeira dificuldade de vender o que roubaram, diz Charney, certamente haveria muito menos roubos de obras de arte.
A boa notícia (se for um ladrão)
"Somos muito maus a apanhar ladrões de obras de arte", revela Charney. "Temos uma taxa de recuperação e acusação penal muito baixa: em cerca de 1,5% dos casos de roubos a obra de arte é recuperada, e o criminoso, processado."
Então, se um ladrão tiver um comprador à espera ou simplesmente quiser uma pintura ou uma obra de arte para si, tem uma boa probabilidade de se sair bem. Acresce a isto o prestígio de ser um ladrão no mundo da arte ("A arte sempre foi associada à elite social, por isso tem a ver com a ambição", explica Charney), e roubar obras de arte parece ser um bom negócio.
A má notícia
Se não tiver um comprador antes de roubar a obra, terá em problemas.
"As pessoas presumem que encontrarão coleccionadores de arte criminosos", diz Charney, "quando na verdade temos muito poucos exemplos históricos - talvez uns 10 ou 20 que se encaixam nesse perfil." Lembre-se que são roubadas muitas centenas de obras de arte todos os anos. É desnecessário dizer que as probabilidades são más.
A pior notícia
"Quando uma pessoa não encontra estes compradores criminosos, acaba a oferecer o material roubado a pessoas que parecem ser os criminosos que ela esperava encontrar", diz Charney. "E essas pessoas acabam sempre por ser policiais disfarçados."
(Texto original: The Pros and Cons of Stealing Fine Art)