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O que acontece quando fica inesperadamente com um quadro de 20 milhões  

Estes resultados são cada vez mais habituais, à medida que as casas de leilões recorrem cada vez mais a um terceiro investidor para colocar ofertas pré-combinadas em troca de uma fatia do lucro da venda.

"A casa do arquiteto na ravina", em exposição na Art Basel
15 de Junho de 2019 às 20:00
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Apenas 15 meses depois de "A casa do arquiteto na ravina", de Peter Doig, ter sido vendido por 20 milhões de dólares na Sotheby’s, a paisagem está de volta ao mercado.

 

Exibido no exposição da Gagosian esta semana na Art Basel, com um preço inicial de 25 milhões de dólares, é uma das obras mais caras da principal feira de arte moderna e contemporânea do mundo.

 

A pintura, que foi vendida com tanta frequência que um "dealer" chama-a de "passageiro frequente", apareceu pela última vez na Sotheby’s em março de 2018, em Londres, onde a casa de leilões usava uma técnica de financiamento cada vez mais habitual para reduzir o risco. Em troca de uma taxa de cerca de 1 milhão de dólares, o cliente Abdallah Chatila fez uma oferta irrevogável que garantiu a venda do trabalho. Ninguém fez uma oferta maior e Chatila acabou por levar a obra para casa.

 

"O quadro foi vendido duas vezes pelo recorde mundial do artista e eu acreditei que seria o recorde pela terceira vez", disse Chatila, de 44 anos, um investidor de Genebra. "Eu acabei com isso."

 

Estes resultados são cada vez mais habituais, à medida que as casas de leilões recorrem cada vez mais a um terceiro investidor para colocar ofertas pré-combinadas em troca de uma fatia do lucro da venda. A casa de leilões garante que venda a obra e o cliente que compra a garantia obtém parte do lucro caso a obra suscite um forte interesse de terceiros. Mas também arrisca ter que ficar com ela.

 

Dinheiro fácil

 

"Quando o mercado está a subir, o dinheiro fácil é feito de garantias", disse Thomas Danziger, sócio da Danziger, Danziger & Muro. "Agora que o mercado não está tão robusto, as pessoas acabam por ser as orgulhosas proprietárias dos trabalhos que não esperavam ter."

 

E como a paisagem de Doig na Art Basel, que foi oferecida em leilão cinco vezes desde 2002, um número crescente de obras está a fazer o percurso de ida e volta para revenda, disse Danziger.

 

Uma pintura de um tapete de Rudolf Stingel, que arrecadou cerca de 3 milhões de dólares na Christie’s em Hong Kong em 2017, está listada no site da Sotheby’s como parte da venda de arte contemporânea em 26 de junho em Londres. Estima-se um valor entre 1,5 e 2,3 milhões. E uma pintura de Christopher Wool, com a palavra "FOOL" em letras maiúsculas, que foi comprada por um fiador por 14,2 milhões na Christie’s em 2014, foi vendida no mês passado por 14 milhões na Sotheby’s. Preços mais baixos para revendas não acontecem poucas vezes.

 

"Se esses quadros regressarem ao mercado muito em breve, as pessoas perceberão que o valor não é o que os preços de leilão refletem", disse Danziger. "Não é uma situação competitiva. Alguém apostou e acabou por ser o único concorrente."

 

Para colecionadores experientes, as garantias costumavam ser uma maneira certa de fazer um bom negócio. Eles conseguiam o trabalho que queriam a um preço ligeiramente reduzido, ou recebiam uma taxa se a pintura fosse vendida para outra pessoa.

 

"Garantias são brilhantes se quiser possuir o trabalho", disse Gabriela Palmieri, que assessora colecionadores, incluindo a Berkowitz Contemporary Foundation em Miami. "Caso contrário, não vale a pena fazer nada. A menos que conheça realmente o mercado do artista, está a brincar com o fogo."

 

Texto original: What Happens When You Unexpectedly Buy That $20 Million Painting

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