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Arábia Saudita abre as portas ao entretenimento

O Governo da Arábia Saudita recua na repressão sobre o entretenimento. Em causa está a diminuição do controlo por parte das autoridades religiosas e a abertura de mais espaços recreativos.

Foi um dos segredos divulgados esta semana. Os EUA, ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação, revelaram o montante investido pela Arábia Saudita em obrigações do Tesouro dos EUA. Riade tinha 116,8 mil milhões de dólares aplicados no final de Março, mais 14 mil milhões que no mesmo mês de 2015. Apesar de estar entre os maiores credores, o valor ficou abaixo do que muitos estimavam.
Negócios 05 de Janeiro de 2017 às 12:06
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O ultraconservadorismo da Arábia Saudita começa a ceder de forma progressiva. No início deste ano, o Governo lançou directivas para limitar os poderes do Comité para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, a polícia religiosa conhecida por perseguir casais não casados em espaços públicos e por pedir para silenciar a música, segundo uma reportagem avançada pela Bloomberg.

 

De acordo com um programa traçado até 2020, o país prevê a abertura de mais de 450 espaços com oferta de actividades culturais e eventos. O objectivo, conta a mesma fonte, passa pela duplicação dos gastos familiares em recreação para os 6%; um valor acima dos 4% registados entre os norte-americanos em 2015.

 

Neste sentido, a recentemente criada Autoridade Geral do Entretenimento, liderada por Amr AlMadani, prevê a criação de 100.000 postos de trabalho no sector. AlMadani admite que a área constitui um "veículo económico", cita a Bloomberg. O novo órgão orientar-se-á pelos valores culturais e islâmicos do país.

 

A título exemplar, a mesma fonte descreve o espectáculo "Got Talent", ao vivo do Centro Cultural King Fahad. No palco, o elenco era completamente composto por elemento do sexo masculino, e no final apenas homens e crianças estavam permitidos a tirar fotografias. As mulheres na organização vestiam capas pretas sobre as suas vestes fluorescentes, descreve a reportagem.

 

Em termos de consumo cultural, vários sauditas teriam que viajar até ao Dubai ou ao Bahrain para assistir a um espectáculo ou a um filme. Na maioria dos fins-de-semana e em períodos de férias, a ponte King Fahd presencia momentos de tráfego automóvel para aceder ao Bahrain. A ponte de 25 quilómetros foi atravessada por cerca de 5 milhões de automóveis em 2015. Já o Dubai tem sido o país eleito para os artistas sauditas apresentarem os seus trabalhos.

 

Anmar Fathaldin, administrador do Lammt, um website de venda de bilhetes, afirma mal poder esperar pelas alterações trazidas pelo governo, na esperança de novas oportunidades de negócio. Fathaldin relata que nos países vizinhos posse assistir-se a espectáculos ou ir à praia com a família, sem ter de cobrir a sua mulher. "Isso não acontecerá aqui [na Arábia Saudita]", confessa.

 

O governo saudita pretende alargar os eventos recreativos em várias regiões do país ao longo de 2017. Algumas das iniciativas incluem o Wold Wrestling Entertainment em Riyad, apenas homens e crianças, e um espectáculo de veículos motorizados e música que atraiu 6.000 espectadores em Jeddah.

 

A Sea World Parks & Entertainment está actualmente à procura de um projecto para a construção de um parque temático no país, num investimento que poderá custar cerca de 500 milhões de dólares (479 milhões de euros).

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