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"A musa adormecida" deu à Christie’s o melhor leilão dos últimos sete anos
Cinco concorrentes passaram nove minutos a disputar a compra de uma escultura, que acabou por dar à Chritie’s mais dois terços do que o previsto. O leilão foi o melhor da categoria desde 2010.
Cinco personalidades quiseram, até ao final, ficar com "la muse endormie", ou, numa tradução livre, "a musa adormecida". A disputa pela obra em bronze, da autoria do romeno Constantin Brancusi, prolongou-se por 9 minutos e rendeu à Christie’s um valor quase dois terços acima do estimado.
O comprador gastou 57 milhões de dólares, cerca de 52 milhões de euros (por comparação, o BIC comprou o BPN por 40 milhões), pela escultura da face deitada de uma mulher. A obra estava nas mãos da família do coleccionador Jacques Ulmann. A estimativa da leiloeira era arrecadar entre 25 e 35 milhões de dólares. Assim, o montante obtido ficou 64% acima do previsto. O comprador não foi revelado.
Este foi o preço mais elevado pago no leilão da Chritie’s intitulado "Impressionist and Modern Art Evening Sale", que faz parte da 20th Century Week, que tem lugar em Nova Iorque no mês de Maio. Um leilão onde também estiveram para venda obras de Pablo Picasso e Claude Monet e que registou procura de investidores vindos de 35 países.
Segundo os dados divulgados pela própria empresa britânica – que teve um litígio, já resolvido, com o Estado português devido à colecção de Joan Miró –, o leilão rendeu 289,1 milhões de euros, cerca de 264 milhões de euros, incluindo as comissões pagas à Christie’s. Um valor que representa um crescimento para mais do dobro do alcançado no ano anterior e que é o maior montante arrecadado em eventos de impressionismo e arte moderna desde 2010, ou seja, em sete anos. 23% dos bens disponíveis para leilão ficaram em mãos de compradores asiáticos.
Sem as comissões atribuídas à leiloeira, o encaixe foi de 258 milhões de dólares, quando as expectativas apontavam para um intervalo de preço entre 207 e 307 milhões.
O presidente executivo da Christie’s, Guillaume Cerutti, avançou com hipóteses para a melhoria dos resultados obtidos no leilão, dizendo que, no passado, havia mais prudência. "Estava-se à espera por causa das condições políticas e económicas. Este ano, os vendedores estão mais confiantes", afirmou ao Financial Times.
Contudo, como relembra o New York Times, o evento de arte que decorre em Nova Iorque é uma forma de perceber como reagirá o mercado de colecção de arte à economia sob o comando de Donald Trump, devido a potenciais alterações fiscais sobre estas transacções.