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Vacinas da Pfizer e da Moderna só serão globais se outras fabricantes também as puderem produzir

Os Médicos Sem Fronteiras defendem que a Pfizer/BioNTech e a Moderna devem tomar medidas urgentes, que possibilitem a cooperação de outras farmacêuticas na produção da vacina contra a Covid-19.

O processo de vacinação da população portuguesa deve arrancar em janeiro         e prolongar-se durante o ano.
Reuters
08 de Dezembro de 2020 às 00:01
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Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) acreditam que as vacinas da Pfizer e da Moderna só podem ser globalmente administradas, se a propriedade intelectual (IP), os dados e o conhecimento científico forem partilhados com outras farmacêuticas, de modo a que estas possam produzir também as vacinas.

Os MSF apelam ainda para que a Pfizer/BioNTech e a Moderna sejam amplamente transparentes e vendam as vacinas ao preço de produção. Um dia antes de se iniciar a vacinação no Reino Unido, a organização médica-humanitária recorda que o público tem direito a saber os custos da investigação e desenvolvimento destas soluções farmacêuticas, bem como dos ensaios clínicos e também os custos de produção.

"Enquanto o mundo espera ansiosamente pela aprovação das vacinas da Covid-19, ainda não é hora de comemorar", disse o Dr. Sidney Wong, codiretor executivo da Campanha de Acesso dos MSF. "Neste momento, o número de vacinas é limitado e a 'fatia de leão" das primeiras doses já foi adquirida por alguns países, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a UE, deixando pouca quantidade para os restantes países", acrescentou ainda Wong num comunicado dos MSF.

Para aumentar o alcance das vacinas, a Pfizer e a BioNTech devem transmitir os conhecimentos que detêm a outras fabricantes de vacinas. A sua solução foi apoiada em cerca de 443 milhões de dólares pelo Governo alemão e contou ainda com um empréstimo de 118 milhões de dólares do Banco Europeu de Investimento. Já a Moderna recebeu cerca de 2,5 mil milhões de dólares do Governo norte-americano.


"Num momento de grandes avanços, que dão esperança à população, é desanimador ver que a indústria farmacêutica mantem inacessível informação crucial", lamenta Dana Gill, Consultora de Política nos EUA para os MSF.

"Ao reterem informações críticas como os custos de I&D, governos e empresas farmacêuticas estão a fugir às suas responsabilidades para com os contribuintes e entidades públicas que financiaram o desenvolvimento dessas vacinas e vão ainda pagar por elas. O público tem o direito de saber. Sem transparência, o público não pode avaliar se os preços são justos e os governos não podem negociar", afirma Gill num comunicado dos MSF. Realçando ainda que "a Pfizer e Moderna devem dar o exemplo e não devem, de modo algum, tentar lucrar com esta pandemia".

E os MSF contrapõe a posição de outras farmacêuticas que estão a desenvolver vacinas, como a AstraZeneca, que se comprometeram a vender as vacinas "sem lucro" durante a pandemia, a Pfizer e a Moderna indicaram que não iriam vender as vacinas a preços de custo.

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