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Problemas do maior fabricante mundial de vacinas pioram a escassez

No mundo todo, os epicentros vulneráveis de covid-19 enfrentam atrasos nos seus programas de vacinação devido à falta de fármacos. Grande parte dessa escassez pode ser atribuída a uma única empresa: o Serum Institute of India.

Reuters
13 de Junho de 2021 às 15:00
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O maior fabricante de vacinas do mundo, o Serum, foi escolhido no ano passado como principal fornecedor de fármacos contra a covid-19 para a Covax, a iniciativa apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que pretende garantir uma distribuição global equitativa. Mas a empresa indiana tem enfrentado contratempos, desde a proibição das exportações a um incêndio numa fábrica, que prejudicaram a capacidade de responder aos pedidos.

A Covax comprometeu-se a enviar vacinas para cerca de 92 países, mas até agora recebeu apenas 30 milhões do mínimo de 200 milhões de doses que encomendou ao Serum, que deveria fornecer a maior parte do stock inicial. Os problemas do Serum ilustram como o esforço de vacinar contra a covid falhou nos países em desenvolvimento e servem de alerta para os cenários de dependência de apenas um fabricante durante uma crise global.

A OMS e os especialistas em saúde pública alertam que os baixos níveis de vacinação em países mais pobres podem favorecer o surgimento de variantes perigosas do coronavírus e prolongar a pandemia. Outros fabricantes também tiveram problemas para cumprir as metas ou aumentar a produção de vacinas contra a covid-19, mas as deficiências do Serum são particularmente preocupantes porque a Covax e os países emergentes dependiam muito do fornecimento da empresa.

O Serum não exporta nenhuma dose desde abril, quando o governo indiano proibiu as exportações de vacinas durante a segunda onda de covid-19 no país. Mas alguns dos problemas do Serum começaram muito antes disso.

No ano passado, o CEO do Serum, Adar Poonawalla, prometeu que a sua gigante de vacinas iria produzir 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca para países de baixos e médios rendimentos até ao final de 2020. Em janeiro de 2021, disse que tinha fabricado apenas 70 milhões de doses, porque a empresa não tinha a certeza de quando receberia uma licença da Índia e não havia espaço de armazenamento suficiente.

Vários países também firmaram contratos diretos com o Serum e, agora, apressam-se para encontrar novos fornecedores. No Nepal - onde um grave surto de Covid atingiu até o acampamento-base do Monte Evereste -, o governo diz que recebeu apenas metade dos 2 milhões de doses que encomendou diretamente ao Serum, sediado na cidade de Pune, na Índia. As restantes doses deveriam ter chegado em março.

"Temos problemas devido à falta de vacinas", disse Tara Nath Pokhrel, diretora da divisão de bem-estar familiar do Ministério da Saúde do Nepal.

No total, o país de 28 milhões de habitantes afirma ter recebido apenas 2,38 milhões de doses: 1 milhão diretamente do Serum, outro milhão em doações da Índia e o restante da Covax. O Nepal contava com 13 milhões de doses ao todo da Covax. Mas esses fluxos secaram, uma vez que a Covax dependia muito do Serum para o abastecimento e a empresa indiana não está a exportar doses devido às restrições do governo.

A decisão de escolher o Serum como grande fornecedor da Covax "foi baseada, em grande parte, na capacidade de produção em massa da empresa, capacidade de entrega a baixo custo e o facto de que a sua vacina foi uma das primeiras a entrar na lista de uso de emergência da OMS", disse Seth Berkley, diretor-presidente da aliança de vacinas Gavi, que tem trabalhado com a Covax e ajudado a financiar os pedidos.

Berkley diz que a capacidade de produção do Serum está a expandir-se, o que ajudará a Índia. Ainda assim, a Covax e muitos países em desenvolvimento procuram agora novas fontes de vacinas, já que o Serum disse nas últimas semanas que as exportações não devem ser retomadas até ao final de 2021, devido às necessidades da Índia.

É um vazio que poderia ser preenchido por fabricantes chinesas como a Sinovac Biotech e Sinopharm. As vacinas de ambas as empresas receberam recentemente a aprovação da OMS para uso global. O Bangladesh parou de utilizar as primeiras doses devido à falta de vacinas do Serum e agora interrompeu a campanha por completo. Após a chegada de um número limitado de fármacos da Sinopharm, o país do sul da Ásia retomou a vacinação de trabalhadores da linha de frente e de emergência, mas ainda não iniciou um programa de vacinação em massa.

O Serum não respondeu às perguntas da Bloomberg e um porta-voz disse que Poonawalla, o CEO do Serum, não estava disponível para entrevista.

Dentro da empresa, há frustração sobre como a produção foi afetada, disse uma pessoa a par das operações do Serum. Um dos principais motivos pelos quais as promessas não foram cumpridas foi porque o cenário global para as vacinas contra a Covid mudava continuamente em termos de regulamentações, aprovações e outros controlos do governo da Índia após cada objetivo anunciado, disse a pessoa. A empresa viu-se de mãos atadas pela proibição das exportações pela Índia e outras regras do governo, de acordo com esta fonte.
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