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Pequenos empresários perdem 80% do negócio e queixam-se do Estado
Metade dos trabalhadores por conta própria assume perdas de rendimento superiores a 60%, ultrapassando até os 80% na sua maioria, revela a plataforma de contratação de serviços locais Fixando com base em respostas de mais de 20 mil profissionais.
"Tudo isto é uma farsa, ‘show’ político, ‘show’ para as televisões, é enganar os portugueses. Caminhamos para a recessão, para a depressão mais grave do século e os governos não sabem o que fazer", desabafou um dos mais de 20 mil profissionais que responderam ao inquérito da Fixando sobre "A covid-19 e os rendimentos dos portugueses", com a maioria a manifestar desagrado pela atuação do Governo na frente económica de combate à pandemia.
De acordo com o segundo inquérito da Fixando, no espaço de um mês, sobre o impacto da covid-19 nos rendimentos dos profissionais independentes e do setor dos serviços em Portugal, 38% dos inquiridos assumem perdas superiores a 80%, com 11% a colocar a fasquia entre os 60% e os 80%, havendo 12% que responderam que as suas vendas caíram entre 40% e 60%.
"Em março, logo no início do estado de emergência, apenas 23% dos inquiridos estimava quebras nos rendimentos superiores a 80%, o que, infelizmente, podemos verificar agora que a situação piorou", revela Alice Nunes, diretora de Desenvolvimento de Negócio da Fixando, em comunicado.
De acordo com o mesmo inquérito, são já 79% o total de portugueses que viram os seus rendimentos baixar, com destaque para os trabalhadores por conta própria, onde 58% sentiu uma quebra também superior a 80%, enquanto 12,3% assumem perdas de entre 60% e 80%.
Registe-se, ainda, que 74% dos inquiridos foi ou conhece alguém que terá sido alvo de despedimento, lay-off ou redução de horário.
"Em suma, percebemos que os profissionais independentes e pequenos empresários sentem falta de apoio do Estado, na medida em que o acesso a medidas de apoio é demasiadamente burocrático, demorado e inacessível para aqueles que, por algum motivo, têm dívidas para com o próprio Estado", conclui Alice Nunes.
Sob anonimato, muitos destes pequenos empresários deixaram nas respostas ao inquérito o seu desagrado com a ação do Governo, avançando com propostas que gostavam que fossem implementadas.
"Para já, o que está mais premente e salta à vista são os impostos que as entidades, quer sejam particulares ou empresariais, têm que pagar. Aquelas empresas que não estão a faturar neste período de pandemia deviam ser aliviadas de tais propósitos", avançou um dos inquiridos.
"Isentar de cargas fiscais as empresas que não despeçam nem coloquem em lay-off os seus funcionários neste período. E isenção de alguns impostos em bens essenciais, tais como água, e alguns produtos alimentares", propôs outro, havendo, ainda, quem defenda a colocação de empresas "a fazer outras atividades e a adaptar-se a outros tipos de produção para vários ramos de atividade".
"Parar com a burocracia, papelada a mais e condições exageradas que impede o acesso às ajudas por parte das empresas e das famílias", aponta outro pequeno empresário.