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Infetados saem da lista de prioritários para vacinação contra covid-19
Dada a escassez de doses e como “em princípio já ganharam imunidade através da doença”, os recuperados estão a ser retirados da primeira fase de vacinação, mesmo que morem em lares ou tenham mais de 50 anos e doenças de risco.
O coordenador do plano nacional de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos, esclarece que as mais de 630 mil pessoas que já foram infetadas com o novo coronavírus não devem ser vacinadas nesta primeira fase, que arrancou no final de dezembro com os profissionais de saúde.
Mesmo que integrem os grupos prioritários, onde se incluem os residentes em lares de idosos e os maiores de 50 anos que sofram de determinadas patologias, como insuficiência cardíaca ou renal, estas pessoas "em princípio já ganharam imunidade através da doença", referiu ao Público o ex-secretário de Estado da Saúde.
Dada a escassez de doses disponibilizadas a Portugal nesta fase inicial da operação pela Pfizer e pela Moderna, as duas que já obtiveram a aprovação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) – e a AstraZeneca também vai atrasar as entregas –, as pessoas que já contactaram com a doença apenas devem ser vacinadas "lá mais para a frente".
Questionado sobre se esta regra está a ser cumprida nos hospitais e nos lares de idosos onde está a decorrer a primeira fase da vacinação, Francisco Ramos disse "[esperar] que sim", embora tenha reconhecido ao mesmo jornal ter conhecimento de "dois ou três casos em que se escondeu que havia infetados para não se atrasar a vacinação".
Mais rapidez e menor quantidade
Com 212 mil doses administradas, Portugal é o décimo país europeu que mais vacina, face à respetiva população. O balanço feito na passada sexta-feira, 22 de janeiro, mostra que o número duplicou no espaço de uma semana e que ascende a 187.515 o total de pessoas que receberam, pelo menos, a primeira dose, o que equivale a 1,82% da população portuguesa, segundo as estimativas do INE.
Na semana passada, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou em Bruxelas que o plano de vacinação nacional está em linha com os objetivos da Comissão Europeia e que, sem incidentes ou imprevistos, Portugal terá 70% da população adulta vacinada no final do verão.
Como o Negócios adiantou na semana passada, Portugal deixou por comprar cerca de 800 mil de doses de vacinas contra a covid-19 a que tinha direito, produzidas pelo laboratório americano Moderna. Em vez de encomendar as quase 3,7 milhões de doses que poderia ter adquirido, o país requisitou apenas 2,8 milhões. O resto ficou num pote comum a vários países, de onde outros Estados-membros, como a Alemanha, podem fazer compras adicionais.