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Incêndios 2020: metade dos donos não limpa terrenos por falta de dinheiro

A maioria (58%) assume que ainda nada fez, enquanto 46% alega falta de rendimentos para cumprir esta obrigação, revela um inquérito da plataforma de contratação de serviços locais Fixando com base em respostas de mais de 600 profissionais.

Incêndios de 2017
27 de Abril de 2020 às 16:27
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O prazo para limpeza das matas, tanto por entidades públicas, como por privadas, terminava, de acordo com a lei do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, a 15 de março, mas foi entretanto prorrogado para 30 de abril, na sequência do decreto do estado de emergência.        

Acontece que, às portas do final do prazo e do arranque da época de incêndios, os indicadores sobre o cumprimento desta missão não são nada satisfatórios.

 

"A grande maioria dos proprietários de terrenos em Portugal não está a assegurar a limpeza de terrenos em Portugal", conclui a plataforma de contratação de serviços locais Fixando, que num inquérito junto de 600 profissionais, registou que 58% do total afirmou ainda não ter limpo os seus terrenos, enquanto 46% assume ainda não o ter feito por falta de rendimentos.

 

Nesse questionário partilhado com os profissionais inscritos na Fixando na categoria de limpeza de terrenos, 77% afirma que, em 2020, devido ao surto covid-19, estão a sentir uma quebra da procura, sendo que 44% indica que essa quebra ascende a 80% nos seus rendimentos.

 

"É essencial assegurar a limpeza, pois devemos evitar juntar a uma crise covid, uma catástrofe de incêndios nunca antes vista em Portugal", alerta um profissional, que preferiu o anonimato.

A maioria dos profissionais alerta para o facto de serem muito poucos os pequenos e médios trabalhos de corte de ervas e mato denso, sobretudo por incerteza e receio provocado pela covid-19 no país.

"É uma situação que nos dificulta a progressão de vida e investimento em equipamentos e mais recursos no serviço, não facilitando a correta manutenção e prevenção de incêndios florestais", adianta um outro profissional.

 

"Em geral, os profissionais dizem que, para lá das limitações financeiras dos proprietários, há uma excessiva penalização legal exercida pelas autoridades – juntas de freguesia e câmaras municipais – que acabam por multar os proprietários para ganharem a dobrar com as multas aplicadas, acabando eles próprios por executar a limpeza, nem sempre facilitando a saudável concorrência de pequenos e médios profissionais", sublinha a Fixando.

 

No passado dia 16, secretária de Estado da Administração Interna revelou, no âmbito de uma audição parlamentar, que foram identificadas este ano 24 mil situações de incumprimento relativamente à limpeza das florestas na prevenção e combate aos incêndios florestais.

 

Para quem não cumpra, estão previstas coimas que variam entre 280 e 120 mil euros.

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