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Governo adverte que “desconfinar não é descontrair”

O secretário de Estado fala em “dever cívico” no desconfinamento e admite que o problema das altas sociais pode agudizar-se devido à pandemia. Logística na Azambuja e construção explicam novos casos na região de Lisboa.

25 de Maio de 2020 às 14:52
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"Normalizar não é desresponsabilizar. Temos, por isso, o dever cívico de nos protegermos, a nós e aos outros. A nossa saúde continua a depender de todos", afirmou António Sales, confirmando a chegada de 60 ventiladores da China que "são cruciais para aumentar a capacidade de resposta em cuidados intensivos".

 

Na conferência de imprensa diária de balanço sobre a pandemia de covid-19, que matou mais 14 pessoas em Portugal nas últimas 24 horas, o governante disse que ainda é prematura a recolha de informações sobre a situação socio-económica dos contagiados. "Esse é um trabalho que terá de se fazer quando passarmos a um balanço. Será muito importante, mas neste momento estamos ainda muito focados nas respostas", resumiu.

 

Já confrontado com os dados divulgados esta manhã pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), mostrando que quase um em cada cinco internados com covid-19 permanece no hospital por razões sociais, tendo a maioria mais de 70 anos, António Sales respondeu que "esse problema das altas sociais não é de agora, mas obviamente é natural que se possa ter agudizado um pouco com esta questão do surto epidémico".

 

"A rede nacional de cuidados continuados integrados tem respondido de forma adequada, embora reconheça que podemos sempre melhorar. Temos uma cobertura de 64% e alargado estas respostas. Foram autorizadas este ano 571 camas, para uma meta de 800 camas [até dezembro]. É significativo e vai melhorar a nossa resposta. Mas claro que a situação nos preocupa porque quanto mais tempo estão internados estes doentes idosos, maior a possibilidade de fazerem infeções e a deterioração do seu estado de saúde", completou.

 

Surto lisboeta com internamentos pediátricos

 

Nos últimos dias, a região de Lisboa e Vale do Tejo tem registado o maior aumento de novos casos no país, com a diretora-geral de Saúde a atribuir esse fenómeno à situação no polo logístico da Azambuja e também a "pequenos surtos em obras diversas, com pessoas que vão de um lado para o outro", assegurando que isso "está a ser acompanhado com muita atenção".

 

E se, no caso da construção, os testes que têm sido realizados estão a identificar "alguns trabalhadores positivos e [obrigar a] tomar as medidas de saúde pública necessárias", no caso particular da unidade da Sonae na Azambuja, Graça Freitas detalhou que foram feitos até à data 346 testes, dos quais 121 foram positivos. Cerca de três dezenas apresentam sintomas e apenas uma está internada, em estado considerado estável.

 

Na mesma região, outra situação que está a merecer a atenção das autoridades é o número de crianças internadas no Hospital Dona Estefânia, na capital, que ascende a 14 casos, dos quais dois nos cuidados intensivos. Graça Freitas diz que "não [pode] tirar uma ilação direta se se deve ou não ao desconfinamento", sustentado que no resto do país o internamento em pediatria "acompanha o movimento geral de casos, em que a tendência é francamente decrescente".

Segunda grande vaga ou várias pequenas vagas?

A diretora do departamento de Saúde Pública da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria Neira indicou esta segunda-feira que os modelos de previsão com que a instituição trabalha "avançam muitas possibilidades, desde novos surtos pontuais a uma nova vaga importante, mas esta última possibilidade é cada vez mais de descartar". Em Portugal, a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) recusou alongar-se em comentários e lembrou que "há estudos que apontam em diversos sentidos". "Temos de aguardar para saber se vamos ter várias pequenas vagas, se vamos ter uma segunda vaga maior. Neste momento não conseguimos, com segurança, prever o que vai acontecer", declarou Graça Freitas.

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